A meio da tarde (hora de Berlim), ao passar pela janela virada a poente dei-me conta de uma luz avermelhada a escorrer no chão. Já moro aqui há tempo suficiente para saber o que é que isso quer dizer: largar tudo, pegar na máquina fotográfica e correr para a varanda no topo da casa.
Desatei a fotografar, cheia de pena de não ter uma objectiva capaz de abarcar tudo (nota mental: da próxima vez, usar a função de "panorama" do telemóvel) (desabafo mental: é muito triste precisar de tantos anos para me ocorrer uma solução tão simples!) - e de repente ouvi que me estavam a chamar.
Era um grupo de vizinhos, que se juntara na rua - à distância de segurança que o 2020 inculcou em nós - para ver o espectáculo daquele pôr-do-sol.
Larguei o meu miradouro privilegiado e fui ter com eles. Na rua o céu não é tão bonito como no meu terraço por cima dos telhados, mas há que saber identificar os sinais e agarrar as oportunidades: voltar a casa é quando os vizinhos gritam da rua "Helena! que bom que estás de novo em Berlim!"
- e nenhum céu em fogo é melhor do que isto.
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