01 outubro 2020

Quino

 


Lembro-me perfeitamente do dia em que me apresentaram o Quino: uma professora tinha faltado, e um pequeno grupo juntou-se no meio do recreio em conversa animada. De tema em tema, a conversa foi parar à Mafaldinha - e ainda nos ríamos quando começou a aula seguinte. Nunca mais larguei o Quino, e os seus livros estavam na mala que trouxe quando vim viver para a Alemanha. 

Nos últimos livros que lhe conheci pareceu-me amargo e muito triste. Terá perdido a capacidade de apontar as dores do mundo sem se deixar submergir por elas? Não sei. Mas sei que o realmente difícil é manter a alegria apesar do tanto que nos submerge. 

O Quino partiu. Deixa-nos as suas páginas, e a sugestão de continuarmos o seu trabalho de olhar para o mundo com os olhos da ética. 


3 comentários:

MHelena disse...

Perdi a conta à quantidade de vezes que repeti as frases da Mafaldinha, como resposta às questões/ordens da minha mãe. A sopa, ai a sopa :-) E eu até gostava de sopa, mas era mais forte que eu...

jj.amarante disse...

A Helena não me parece ser submergível pelas dores do mundo, se bem que as sofra. Mas pelo sim pelo não recomento a leitura do Factfulness do Hans Rosling para constatar que até a pandemia aparecer as coisas estavam na maioria bem encaminhadas. E a pandemia é um obstáculo que aparece com um espaço de décadas. A minha mãe, que nasceu em 1913, falava-me da Pneumónica.

Helena Araújo disse...

Hans Rosling: anotadinho! :)