29 abril 2020

instrumentista de mim própria

Estou a assistir no Digital Concert Hall a um concerto que vivi ao vivo, digamos assim, naquela casa.

O som é muito bom, a realização é excelente, mas assistir a estes concertos na internet é-me quase doloroso por causa das passagens mais danzabile, eu: "deixa cá ver o maestro", o realizador: "solo da flauta, mostra aí o Pahud".

Se me deixassem mandar, realizava estes concertos com filmes paralelos no ecrã: metade para os músicos, metade para o maestro. Mas isso sou eu, habituada a assistir a estes concertos nos bancos de pau: como se estivesse na última fila da orquestra, como se o maestro se dirigisse também a mim - eu sem tirar os olhos dele, instrumentista de mim própria em alvoroço mudo.


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