20 março 2020

um enorme abraço ao mundo

(Mais um post que estava aqui há vários dias para ser publicado.) (Na realidade, é um apanhado de coisas que vou publicando no facebook.) (Portanto, amigos do facebook: se lerem isto, não vão encontrar nada de novo. Mas podem fazer "revisões da matéria dada", claro. :) )

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Anda toda a gente a açambarcar álcool, e nós não somos menos que toda a gente.
Entre tinto, branco, Porto, sidra e muscat de Rivesaltes temos para três semanas. Quatro, se for preciso racionar.
Só não comprámos gin porque naquele Lidl não tinham água tónica.

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Tentei inscrever-me no sistema social francês, mas queriam que lhes desse uma certidão de nascimento. Bem argumentei: Oh minha senhora, se estou à sua frente, quer melhor prova de que nasci?
Mas não. Queriam aquele documento. Algum dia hei-de entender porquê. Escrevi um help a uma sobrinha simpática que tenho em Braga, e ela respondeu que quem lhe dera poder ajudar-me (já disse que é simpática?) mas que tinha acabado de entrar em quarentena...

De modo que estou assim: em tempo de covid-19, sem seguro de saúde... 

(sim, eu sei que posso pedir online - mas precisava da internacional, que não se pode pedir online)

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Quando já me estava a ver sem acesso a cuidados médicos, obrigada a andar por Brest de capa amarela e uma sineta a avisar que sou contagiosa e que devem todos fugir de mim, eis que me avisam do seguinte (sintetizo aqui a informação, para o caso de ser importante para mais alguém):

- A minha irmã lembra-me que a sua especialidade é arranjar declarações talicoisa (só me lembrei de pedir à sobrinha porque ela mora na cidade onde nasci, e eu - já disse hoje que é muito triste ser totó? - ainda estou no Portugal de há 30 anos, quando era preciso tratar de tudo presencialmente.
Portanto: a tal declaração internacional praticamente já cá canta (e parece que custa menos de metade da normal online, concretamente: 20 euros, e não tenho de traduzir!) (isto parece tão bom que nem sei se acredite)

- Parece que é possível pedir a certidão de nascimento internacional online neste site (para quem está registado nele, obviamente - o que não é o meu caso): https://servicos.portaldocidadao.pt/PORTAL/login/

- Estando inscrita no SNS português, tenho alguma segurança. Agora vou pedir rapidamente o cartão de saúde europeu, que se pode pedir online
(Quer dizer: ia. Mas não estou registada nesse portal, e parece que para me registar tenho de ir a um local de atendimento...)

Parece-me que é tudo. Se tiver aí alguma informação errada, agradeço que corrijam. Não é para mim, é para os outros desgraçadinhos que estejam na mesma situação que eu.

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Viva Itália!
(é reconfortante ver os humanos a serem humanos)



Encontrei o filme anterior num grupo novo do facebook, CulturENTENA, criado para:
"Ver, Ouvir e Ler em Quarentena.
Sugiram obras para o grupo e aproveitemos tempos maus para usufruirmos de coisas boas."

Foi lá também que fiquei a saber que o Digital Concert Hall vai estar aberto (quer dizer: gratuito) durante um mês.

E há bocadinho vi num post de uma amiga que há pessoas a organizar-se para ajudar os vizinhos mais idosos.

Este movimento generalizado de pessoas que voluntariamente se metem em casa para protegerem os mais frágeis da sociedade lembra - como disse uma amiga minha - um "enorme abraço ao mundo".

Quem diria que o maldito covid-19 ia servir para mostrar muito do melhor que temos em nós? Ao menos isso (digo eu, comovida)

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Bill Gates a falar - há quatro anos - do que estamos agora a viver.
O que me faz pensar que, como de costume, fomos avisados mas optámos por ficar quietos a pensar que podíamos escapar entre os pingos da chuva. E também que os governos e os países não têm dimensão nem poder para resolver problemas que são planetários. Já seria um grande ganho se esta crise nos permitisse abrir os olhos e inventar maneiras novas de colaborar uns com os outros, a nível mundial, para evitarmos pandemias como esta.

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O superlativo da solidão:
(não consegui descobrir o nome do autora da imagem)



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E agora vou passar camisas a ferro enquanto vejo televisão, que elas não se passam sozinhas e além disso dá jeito introduzir algum factor de normalidade neste mundo saído dos eixos.

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Ia eu passar a ferro em frente à tv para desanuviar, e o Joachim está a ver o "K19 - the widow maker". Oh, triste vida: meu reino por um O Pátio das Cantigaaaaaaaas!

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Entretanto na Holanda, mal se soube que iam fechar as lojas...

(há que conhecer as prioridades, ora essa!)
(estou-me a rir, mas é sério: como será as pessoas precisarem de um bocadinho de erva para relaxar, e não poderem sair de casa para a ir comprar?)
 



2 comentários:

ABF disse...

Aqui tem o bom adresso para se inscrever no Portal Cidadão
https://eportugal.gov.pt/criar-registo

Helena Araújo disse...

Muito obrigada, ABF.