03 março 2020

primeiros encontros

Nas primeiras duas semanas vamos ficar numa residência universitária.
Para rever cuidadosamente aquela ideia de "ai quem me deeeeeera / ter outra vez vinte anos".

O carro vinha carregado de tralha (é melhor nem perguntarem...) que tivemos de descarregar (justamente na altura em que - adivinharam! - estava a chover) e levar para um segundo andar sem elevador. Por sorte os estudantes, que simpáticos!, ao passar por nós além de cumprimentarem perguntavam todos se precisávamos de ajuda. Dizíamos que não, mas alguns deles levaram as malas pelas escadas acima. Tive especialmente pena de um que achou que conseguia levar duas malas ao mesmo tempo.

Os nossos vizinhos lembram-me muito o comentário de um miúdo francês que nos visitou em Weimar: "aqui só há loiros?"
Aqui, nesta residência universitária de Brest, raramente me cruzo com duas pessoas seguidas que tenham o mesmo tom de pele.

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Temos um quarto de casal com uma casa de banho minúscula. No corredor há uma cozinha partilhada com um ar um bocado, enfim, como direi. Fiquei sem vontade nenhuma de cozinhar lá, mas mudei de ideias depois de o Joachim lhe ter feito uma barrela geral. Só mesmo uma portuguesa para conseguir pôr um professor universitário alemão a limpar uma cozinha de estudantes na França...

Ontem aquecemos uma sopa de peixe e comemos na cozinha comunitária. Volta e meia um jovem casal vinha com panelas e ingredientes para cozinhar, mas desaparecia de novo. Suspeito que estivessem à espera que nós saíssemos da cozinha para ficarem à vontade. Talvez nos sintam como intrusos.

Junto à mesa onde comemos tem uma folha de papel A4 escrita à mão, propondo que todos escrevam o nome, o que fazem, e o quarto onde estão, para melhorar a comunicação entre todos. Algo me diz que se escrevermos os nossos nomes, de onde vimos e o que estamos aqui a fazer, aí é que eles nunca mais aparecem na cozinha...
Ou talvez, pelo contrário, venham para jantar connosco.




 


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