Ou seja: às vezes vou ao centro de Berlim sentada no facebook...
Aqui deixo alguns desses apontamentos:
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Para que conste: o condutor do autocarro já tinha fechado as portas e arrancado quando me viu a correr desaustinada, quase a desistir. Parou, esperou por mim e nem quis ver o meu passe.
Para que conste: vou no autocarro conduzido pelo berlinense mais simpático do mundo.
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Ó pra isto: eu no autocarro tão sossegada, sentadinha no Facebook, e o simpático do lugar da frente a querer socializar comigo. Já me interrompeu para pedir desculpa por ter um saco tão grande, já me interrompeu para me mostrar um casal sentado num daqueles carrinhos minúsculos que os italianos faziam nos anos cinquenta, já me ri com ele e estou mesmo a ver que por este andar ainda acabo a portar-me como animal social no autocarro!
Não sei que me parece...
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Update: o simpático do autocarro preparou-se para sair, e disse-me "então adeus, desejo-lhe uma boa tarde", e eu "vou sair na mesma paragem" e ele "ai é? então retiro tudo o que disse!" - e rimos de novo os dois.
Saímos, e ele ia na minha direcção. Daí a nada ele estava a saber que eu sou portuguesa, e estava a revelar-me que o florista da estação de Grunewald é português, e que sempre que passa por ele lhe diz "olá, Duarte!" e ele responde "olá, Samuel!"
Depois eu fiquei a saber que ele costuma vir ao meu bairro visitar a avó. Despedimo-nos, e logo a seguir vi que um carro travou a fundo, e a condutora saiu do carro para lhe ir dar um abraço e conversar com ele.
Este homem lembrou-me uma expressão muito bonita que ouvi há dias: "humanizar os passeios das ruas" - dita por um jesuíta velhinho, que já não tinha força para mais, mas ainda era suficiente para conversar com as pessoas com quem se cruzava na rua.
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Preparem-se! Estou outra vez no autocarro.
(Por enquanto, tudo tranquilo.)
(Mas ainda só fiz duas paragens)
(Por enquanto, tudo tranquilo.)
(Mas ainda só fiz duas paragens)
3 comentários:
Olá, Helena. Acabei de ser apresentada ao seu blog pelo programa da RTP1. E em boa hora! Adorei este seu texto. Revejo-me tanto nestes acasos! Bem haja!
Bo dia Helena estive no verão em Berlim. Fiquei muito 'marcado' pelo muro e pelas fotos e histórias de vida (e morte) de pessoas como nós com nomes vidas e sonhos, que lá estão como testemunho da desumanidade. Ainda bem que também existem vivencias ligeirinhas com gente boa para humanizar a cidade...
Beijinhos. (Também fiquei a conhecer o seu blog ontem na RTP)
Para quê subir ao escadote para tentar introduzir um corpo informe e escorregadio dentro de uma capa tão pouco adaptada a essa função? Voltemos ao antigo lençol, muito mais fácil de colocar, dobrar, por a secar, e que ocupa menos espaço na máquina de lavar.
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