19 dezembro 2019

estes filhos




Estes dois têm agora 22 e 25 anos, e anteontem vieram dormir a nossa casa para fazerem uma surpresa ao pai na madrugada do seu aniversário: acordá-lo a cantar, com as prendas, as velas e o bolo - a nossa tradição familiar.

Há muitos anos ouvi um pai dizer que o maior prazer da vida é ter filhos adultos. Entendo cada vez melhor esse sentimento.

(O Fox também veio, claro, e de manhã levei-o ao lago, enquanto os miúdos retomavam o sono depois do pequeno-almoço. Não chegámos nem a metade do caminho: o Fox quis voltar para casa, porque estava cheio de medo que o Matthias se fosse embora sem ele.)

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As fotos foram-me lembradas esta manhã pelo facebook. Publiquei-as lá há alguns anos, com o seguinte texto:

No parque do museu Kröller-Müller, em 2011. Viagem à Holanda com dois adolescentes: muitas horas no carro e mais horas ainda em museus. Diz que a adversidade treina o carácter. A estes dois, treinou a capacidade de se rir da e com a mãe que lhes calhou em sorte.

O Matthias foi há dias para a Itália, passar algum tempo com a irmã. A Christina escreveu pouco depois que não têm passeado muito, porque ele levou o computador e fica em casa a estudar. E ela? Estuda também, e comenta "este rapaz é uma boa influência para mim".
Coisas boas da vida: irmãos.

(Algo me diz que tenho neste bom entendimento uma culpa parcial. Do tempo em que me vinham fazer queixinhas, e eu os mandava para o quarto falar um com o outro até terem decidido que castigo é que cada um deles merecia.)

(Se querem saber tudo:
nos EUA, eles andaram numa escola que tinha um método fantástico: a peace table. Quando havia um conflito entre dois miúdos - mesmo miúdos de 3 anos -, sentavam-se frente a frente a uma mesa, com a mão sobre o coração, e conversavam sobre o que tinha acontecido ("eu senti", "eu pensei") (o que me lembra outra muito engraçada; a Christina, praí aos nove anos, dias depois de ter uma sessão sobre comunicação não violenta, voltou para casa toda contente a dizer que tinha conseguido formular uma "mensagem-em-eu" (tradução super rápida, espero que percebam a ideia) numa discussão com uma amiga. E que frase? Esta maravilha de comunicação não violenta: "EU acho que tu és parva").
Voltando ao assunto: quando eles me apareciam a fazer queixinhas "ela fez-me isto! / mas ele antes fez-me aquilo!" e eu percebia que ia ser bem enrolada por ambos, mandava-os para o quarto discutir o que tinham feito e que castigo merecia cada um. Geralmente diziam "deixa lá, afinal não é preciso". Outras vezes iam mesmo conversar, e daí a bocado vinham-me dizer os castigos - que geralmente tinham pesos diferentes.)


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