20 novembro 2019

Zé Mário Branco (2)



Lembro-me perfeitamente da primeira vez que ouvi este disco. Tinha nove anos, e fui passar a tarde com a Marta, minha amiga dos verões do campismo no Cabedelo, cuja família tinha acabado de mudar para uma casa na Foz do Porto.

A Marta mostrou-me a casa nova, e a seguir decidiu escolher um disco para ouvirmos. Escolheu este, dizendo-me que não podia contar a ninguém, porque estava proibido em Portugal.
E depois: "gosto muito desta canção, olha!"

Fiquei cativada às primeiras notas. Ouvimos, repetimos, dançámos, cantámos.

Regressei a casa com esse "por terras de França" no ouvido, sem entender porque é que não se podia cantar uma canção tão boa e que mostrava tanta empatia pelo sofrimento dos nossos emigrantes.


Na altura não sabia quem era o #Zé_Mário - de facto, nem reparei no nome - mas é a ele que devo um primeiro despertar para a política e a tomada de consciência da estupidez do regime.
Uns meses mais tarde, quando o regime caiu, ocorreu-me com alegria que a partir daí podia cantar esta canção quando me apetecesse.



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