O meu contributo:
Quando morava em Weimar tinha uma empregada que era polaca, casada com um alemão da antiga RDA. Ela era muito alegre e conversadora, e eu gostava muito de lhe ouvir as histórias e os comentários sobre um mundo ainda muito desconhecido para mim. Numa dessas conversas contou-me que durante décadas tinha trabalhado na casa de uma família famosa de Weimar, que morava umas casas acima da minha. Tinham um retrato de Estaline no escritório, revelou, e sempre que lhe ia limpar o pó o que tinha era vontade de lhe cuspir em cima.
- A minha mães costumava dizer que, comparados com os soldados russos durante a guerra, os soldados alemães eram uns cavalheiros. Ui! Nem é bom pensar nisso: o que eles faziam às mulheres, tantas atrocidades que cometeram!
- Chamar "cavalheiros" aos nazis é um bocado exagerado, não acha? E então aquela lista que os nazis fizeram, com quase cem mil nomes de intelectuais, médicos, juristas e artistas que deviam ser assassinados após a invasão, para decapitar a sociedade polaca?, perguntei eu.
- Ora, os alemães queriam matar os judeus, e calhou de os judeus serem essa elite...
Com esta é que me calou, que uma pessoa tem de saber reconhecer os sinais da inutilidade de um debate.
Mas hoje, uns bons quinze anos depois desta conversa, fui pela primeira vez ler mais sobre o que foi a #invasão_soviética_da_Polónia, e compreendi finalmente de que é que ela se queixava: massacres como os de Katyn (que a URSS negou até 1990) - deportações em massa para a Sibéria (em carruagens de gado, por vezes com 40 graus negativos) - troca de populações forçada, em grande escala e e em condições terríveis - proibição de os deportados poderem regressar às suas regiões de origem.
Sabemos tanto sobre os crimes nazis, e tão pouco sobre o sofrimentos dos povos/países ocupados pela URSS na mesma época.
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Partilho também um contributo do Cristovam Duarte (penso que retirado daqui):
Mathilde conhece uma jovem freira polonesa que escapou do convento para procurar ajuda médica para uma das noviças. Quando Mathilde, uma mulher sem fé, decide por fim acompanhá-la, encontra uma situação inimaginável. aquando a #invasão_sovietica_da_polonia, os soldados soviéticos invadiram um convento de clausura beneditino e violaram as freiras. E, como se isto não fosse causa suficiente de dor e vergonha, muitas delas engravidaram.
“Agnus Dei” é um filme que devia ser visto por todos aqueles que ministram aconselhamentos aos outros.
2 comentários:
Quando ouço os nossos marxistas-leninistas encartados a falar de soberania e a dizer que a UE coarta a vontade dos povos, respondo logo que pelo menos nunca vi os tanques de Bruxelas a invadirem o que quer que seja e que a partilha de soberania foi decidida por Parlamentos eleitos segundo a vontade popular (daqueles que decidiram votar, porque os outros resolveram não contar). E lembro-me naturalmente disto que fala, assim como da repressão da revolta de 17 de Junho na Alemanha, ou das invasões da Hungria e da Checoslováquia...
Isto não quer dizer naturalmente que o comportamento da união relativamente à Grécia em 2015, por exemplo, não tenha sido inaceitável, mas há um grau absoluto de diferença entre isso e o comportamento da URSS em relação primeiro aos povos que nela habitavam e depois em relação aos outros, polacos, estónios, letões, lituanos, finlandeses e posteriormente todos os membros da cortina de ferro...
Lenine dizia que o imperialismo era o estágio supremo de capitalismo, o que quer dizer que ou se enganou ou a URSS era também ela de algum modo uma entidade capitalista...
Abusos e violência contra Civis indefesos (em particular as Mulheres e as Crianças) é, infelizmente, uma situação cada vez mais frequente durante as guerras, sobretudo a partir da 2ª Guerra Mundial, e que tem vindo sempre a piorar até aos nossos dias -- Palestina, Vietname, Catanga, Camboja, Biafra, Arménia, Ruanda, Jugoslávia, Darfur, Curdistão, Ucrânia, Síria, Tchechénia, Birmânia...
E os combatentes portugueses em África também não estarão isentos -- e é pena não haver igualmente Filmes sobre isso.
Quanto aos abusos e crimes dos soldados soviéticos na Europa de Leste, a propaganda maciça dos vencedores terá adoçado muito esta brutal realidade, por comparação com os ainda maiores excessos dos soldados japoneses e alemães, esquecendo-se por vezes que, relativamente a estes, muitas diferenças haveria certamente entre os militares de carreira do Exército alemão, que mereceriam até, pelos vistos, ser considerados uns cavalheiros, e os carniceiros fanáticos do aparelho nazi -- Gestapo, SS, Abwehr, etc. --, que não hesitavam sequer em espalhar o terror até entre os seus Camaradas de armas do exército regular, sobretudo quando a derrota da Alemanha nazi começou a antever-se como inevitável.
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