O caso é o seguinte: ontem à noite avisaram-me que é proibido fazer churrascos no parque Monbijou, onde queremos fazer no próximo domingo a tradicional sardinhada dos portugueses que moram em Berlim.
Telefonei agora aos serviços municipais responsáveis pelos espaços verdes. Atenderam logo. Perguntei se já é permitido grelhar, ou não.
- Está proibido, por causa do calor.
- Mas esta noite choveu tanto, será que podem considerar levantar a proibição?
- Espere um momento, por favor.
- Com certeza.
(passa um momento)
- Espere mais um bocadinho, por favor.
- Sim, sim.
(passa mais um momento, e eu aproveito para espreitar a previsão do tempo: hoje acima de 30 graus, mas até domingo vai baixar para os 21 graus)
- Está? Ouça, hoje e amanhã ainda continua proibido, mas no fim-de-semana podem fazer.
- Oh, obrigada! Pode enviar-me isso por escrito?
- Não. Estamos a preparar uma comunicação para a imprensa, isso basta.
- Óptimo, óptimo. Desejo-lhe um bom dia, nem sabe a alegria que me deu!
Ela riu-se, e desligou.
O caso é o seguinte: tenho aí algumas centenas de portugueses a preparar-se para o enorme piquenique da comunidade do próximo domingo, e estava a ficar realmente aflita com a possibilidade de ter de cancelar tudo. Mas não: tudo se resolveu com um telefonema breve. Ao enorme alívio junta-se a satisfação de viver num país onde se resolvem coisas destas tão facilmente ao telefone.
(Vou plantar as dálias: sempre é melhor que ficar aqui sentada com a sensação de rebentar de alegria.)
(Não vou nada: já me disfarcei mais ou menos de senhora para ir ali ao lado a uma sessão oficial do Dia da Língua Portuguesa, e já estou atrasada, e lá vou eu, e lá terei de ir com esta minha cara muito alegre.)
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