30 maio 2019

"parlamento europeu" (1/3 - "Ah, e tal, não se sabe o que andam lá a fazer...")

Recentemente, e como não poderia deixar de ser, o tema na Enciclopédia Ilustrada foi o Parlamento Europeu. Participei com três posts. Dir-se-ia que me é um tema caro...
Aqui deixo o primeiro desses três. Os outros seguirão em breve.





Hoje estou mesmo a ter azar com os amigos! Não concordo nada nem com o que diz aqui o Luís Aguiar-Conraria sobre o #Parlamento_Europeu, nem concordo com o que disse o Carlos Moreira num post anterior.

Por partes, seguindo o artigo do Luís Aguiar-Conraria: o Parlamento Europeu não tem culpa que a televisão portuguesa prefira abrir os noticiários com um autocarro que vai buscar jogadores de futebol não sei quê ao hotel deles. Na Alemanha, o Parlamento Europeu já foi muitas vezes assunto bem importante nos noticiários - tanto televisivos como outros.
O caso mais recente foi o artigo 13. Pessoalmente, tinha enormes esperanças que o Parlamento o chumbasse. Infelizmente, ainda vacilou - porque ouviu realmente o protesto do povo - mas acabou por não chumbar. Daqui a uns tempos, quando se irritarem muito com as consequências do artigo que foi aprovado, vão perceber um dos motivos pelos quais era muito importante ter votado no domingo passado, e em quem.
Mas há muito mais, e tudo isso tem sido notícia de primeira página na Alemanha.
Repararam que agora já não se paga roaming nas viagens dentro da Europa? Foi o Parlamento Europeu.
Lembram-se daquela altura em que tudo o que era newsletter nos perguntava se queríamos continuar a receber notícias? Foi o Parlamento Europeu.
Notaram que as viagens de avião estão muito mais baratas? Foi o Parlamento Europeu.
Sabem que a qualidade da água das redes de cada país da UE tem de respeitar determinados mínimos? Foram estabelecidos pelo Parlamento Europeu.
Viram o que aconteceu ao TTIP? Ia ser assinado, mas houve uma sublevação geral entre os povos europeus, e o Parlamento recuou. As notícias que li em Março apontam para o fim das negociações, decidido no - lá está - Parlamento Europeu. Este é um dos exemplos mais importantes para mostrar que a nossa opinião conta, e é ouvida no Parlamento Europeu.

Ah, e já me esquecia: é o Parlamento Europeu que elege o presidente da Comissão Europeia. O que deve fazer pensar um pouco no sentido e na importância do nosso voto: queremos que o presidente seja eleito por uma maioria de esquerda ou de direita, queremos evitar que a extrema-direita xenófoba (cada vez mais forte na Europa) tenha uma palavra a dizer nessa escolha?

Sigo a Marisa Matias no facebook, o que me permite ter uma ideia do trabalho que ela faz, e de alguns temas importantes para o Parlamento. Não sigo os outros deputados, mas o que vejo do trabalho da Marisa Matias basta-me para afirmar aqui que é uma tremenda injustiça reduzir os deputados europeus a "pessoas que vão receber salários principescos durante os próximos cinco anos", como dizia o Luís Aguiar-Conraria no seu artigo.

Um artigo do meu jornal berlinense favorito chama ao Parlamento Europeu "o gigante subestimado". O gigante está lá, tem um papel fundamental em muitas das leis que são criadas em Portugal (e nos outros países europeus, obviamente), e até tem grandes preocupações de transparência. Mas: os deputados não podem fazer por nós o trabalho de ir ao site do Parlamento ou dos deputados e ler o que têm andado a fazer. E, como disse no princípio, também não têm culpa das opções dos órgãos de comunicação social de cada país.


5 comentários:

ematejoca disse...

Embora não sejamos amigas, desta vez, estamos absolutamente em sintonia. O que escreveu AQUI, é também a minha opinião sobre o assunto:-*

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...

Sem dúvida.

É muito típico das mentes desonestas e dos corações ressabiados amesquinhar os cargos políticos quando os "nossos" os perdem e valorizá-los se forem eles a ganhá-los.

Se o Sobrinho do Cónego, ou o palavroso Rangel, tivessem feito uma avaria inesperada, ninguém ouviria os ressabiados profissionais falar dos seus ordenados "principescos" -- é o falas! --, mas apenas da "enorme importância dos seus mandatos para a vida dos portugueses e o desenvolvimento de Portugal", blá, blá, blá!

Ou, consoante as circunstâncias (e as conveniências), da grande relevância do "cartão amarelo" mostrado à geringonça, blá, blá, blá, blá...

São já muitos anos a aturar direitolos.

Helena Araújo disse...

Conde, não tenho o Luís Aguiar-Conraria em conta de mente desonesta ou coração ressabiado. Desta vez não concordo com o que escreveu, mas é uma boa síntese do que muitos portugueses pensam.

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...


Helena, eu não estou a qualificar ninguém em especial, apenas constato que aquilo que muitos portugueses pensam (e que nesse artigo ficou tão bem sintetizado) é típico de mentes desonestas e corações ressabiados.

E que a repetição constante destes e doutros pensamentos similares, ainda que partilhados por "muitos portugueses", envenena a opinião pública.

Eu esforço-me por lutar contra este veneno insidioso da desonestidade intelectual e do ressabiamento militante.

Helena Araújo disse...

Sim, nisso tenho de te dar razão. E também foi pelo mesmo motivo que escrevi este post.