"A propósito da #quinoa
O PARADOXO DA ALIMENTAÇÃO DITA SAUDÁVEL
Apesar da minha irredutível condição de omnívora, tenho alguma
admiração por amigos e familiares que, com as melhores das intenções, se
tornaram vegetarianos ou, mais recentemente, veganos.
Há os que não comem carne por razões ambientais, há os que também não
comem peixe por não quererem ingerir microplásticos, há os que consomem
os chamados alimentos supersaudáveis para curar ou prevenir problemas de
saúde, há os que, mais radicalmente, declaram recusar-se a cooperar no
terrível massacre e tortura dos animais e que, por isso, optam pelo
veganismo.
É uma escolha e é uma prática pessoal que alguns exercem tranquilamente e outros com o irritante e arrogante proselitismo dos que acreditam ter encontrado a luz num mundo às escuras. Esses tornam-se muito moralistas, às vezes sarcásticos, às vezes ofensivos.
Honestamente, nada disso me incomoda e confesso até que com todos eles vou aprendendo alguma coisa, porque todos os contributos são valiosos quando nos ajudam a melhorar a nossa relação com a urgência da protecção ambiental e o dever da protecção animal.
Mas eis que um novo problema se agiganta: o do progressivo recurso às monoculturas em regiões até agora preservadas, para satisfazer o brutal crescimento da procura de produtos promovidos pelas actuais modas alimentares. Na verdade, a alimentação saudável tornou-se, como tudo neste triste mundo, um negócio muito lucrativo, que está a enriquecer alguns e a empobrecer muitos e, pior ainda, a empobrecer também o planeta. No Perú, por exemplo, as plantações de quinoa ocuparam terrenos onde anteriormente se cultivavam diversos produtos para consumo familiar e local e o seu preço cresceu de tal forma, que para muitos peruanos, a condenação é o recurso à “fast food” (!!!).
Quinoa, chia, abacate, soja, etc., etc., enfim, um mundo de promessas de saúde e de boa consciência ambiental a que todos vamos sendo convertidos, conscientes de que as nossas práticas têm de mudar.
Agradeço a quantos – vegetarianos, veganos, ambientalistas – têm contribuído para o desenvolvimento dessa consciência. Só lamento que, quando tento discutir com a maioria deles os novos problemas que estão a ser criados, encontre uma parede opaca de rejeição e o sorriso irónico associado à resposta demolidora de que as minhas preocupações são fruto de campanhas de multinacionais. É que, meus amigos, as mesmas multinacionais estão já no paradoxal negócio dos alimentos supersaudáveis com todas as consequências que um negócio da moda traz consigo.
(Deixo, apenas como exemplo, o link de 2 artigos do The Guardian) "
https://www.theguardian.com/…/coconut-oil-teff-and-quinoa-i…
https://www.theguardian.com/…/chilean-villagers-claim-briti…
É uma escolha e é uma prática pessoal que alguns exercem tranquilamente e outros com o irritante e arrogante proselitismo dos que acreditam ter encontrado a luz num mundo às escuras. Esses tornam-se muito moralistas, às vezes sarcásticos, às vezes ofensivos.
Honestamente, nada disso me incomoda e confesso até que com todos eles vou aprendendo alguma coisa, porque todos os contributos são valiosos quando nos ajudam a melhorar a nossa relação com a urgência da protecção ambiental e o dever da protecção animal.
Mas eis que um novo problema se agiganta: o do progressivo recurso às monoculturas em regiões até agora preservadas, para satisfazer o brutal crescimento da procura de produtos promovidos pelas actuais modas alimentares. Na verdade, a alimentação saudável tornou-se, como tudo neste triste mundo, um negócio muito lucrativo, que está a enriquecer alguns e a empobrecer muitos e, pior ainda, a empobrecer também o planeta. No Perú, por exemplo, as plantações de quinoa ocuparam terrenos onde anteriormente se cultivavam diversos produtos para consumo familiar e local e o seu preço cresceu de tal forma, que para muitos peruanos, a condenação é o recurso à “fast food” (!!!).
Quinoa, chia, abacate, soja, etc., etc., enfim, um mundo de promessas de saúde e de boa consciência ambiental a que todos vamos sendo convertidos, conscientes de que as nossas práticas têm de mudar.
Agradeço a quantos – vegetarianos, veganos, ambientalistas – têm contribuído para o desenvolvimento dessa consciência. Só lamento que, quando tento discutir com a maioria deles os novos problemas que estão a ser criados, encontre uma parede opaca de rejeição e o sorriso irónico associado à resposta demolidora de que as minhas preocupações são fruto de campanhas de multinacionais. É que, meus amigos, as mesmas multinacionais estão já no paradoxal negócio dos alimentos supersaudáveis com todas as consequências que um negócio da moda traz consigo.
(Deixo, apenas como exemplo, o link de 2 artigos do The Guardian) "
https://www.theguardian.com/…/coconut-oil-teff-and-quinoa-i…
https://www.theguardian.com/…/chilean-villagers-claim-briti…
3 comentários:
a quinoa é um pouco intragável.
Excelente artigo!
Eu sei que foi copiado de um post no facebook, mas, se os links são para o guardian, deviam ter o endereço do guardian, tal como (enganadoramente) aparentam, e não o do facebook.
É uma organização desprezível: https://www.wired.com/story/facebook-mark-zuckerberg-15-months-of-fresh-hell/
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