15 novembro 2018

ai, Brexit!

Notas soltas:

1. O problema que a Irlanda do Norte levanta ao Brexit faz-me pensar numa frase de Jean Paul: "a satisfação pelo que temos é muito menor que a infelicidade de o perdermos". De tal modo demos por certa a paz que a União Europeia trouxe àquela ilha, que nem nos lembrámos que um Brexit poderia despertar os velhos demónios. E só agora, quando o Brexit exige que se levante de novo a fronteira entre as duas Irlandas, nos damos conta do valor do que tínhamos e vamos perder.

2. Diana Zimmermann, a correspondente do Heute Journal em Londres, dizia hoje a propósito da hipótese de a Grã-Bretanha chegar à conclusão que afinal foi tudo um erro enorme, e decidir continuar na UE:
"Não se sabe qual seria o resultado de um segundo referendo, mesmo se as sondagens dão, de momento, uma ligeira desvantagem ao Brexit. Donald Tusk disse hoje que a Grã-Bretanha é sempre bem-vinda. No entanto, esse regresso não seria sem problemas. Nos últimos dois anos e meio muita coisa aconteceu aqui, houve debates... Se agora decidissem regressar ao seio da União Europeia, não o fariam por se terem entretanto dado conta de como é extraordinária, mas sobretudo porque descobriram como é complicado abandoná-la. Muitos dizem que o governo negociou mal, ou então que a UE chantageou a Grã-Bretanha. O regresso à União nestas condições seria sentido como uma humilhação. Num país que desde há alguns anos recomeçou a ter movimentos nacionalistas, a humilhação é algo muito perigoso."
(o Heute Journal pode ser visto aqui - as notícias sobre o Brexit surgem a partir de 10:38)

3. Ao olhar para o modo como os políticos que provocaram este imbróglio abandonaram o barco e deixaram a Theresa May, que era contra o Brexit, desempenhar a impossível tarefa de levar o processo até ao fim com um mínimo de danos, fico a pensar que de futuro os políticos que propuserem um referendo devem também apresentar um plano de execução e os nomes da equipa que ficará responsável pelo cumprimento da vontade do povo, se o povo assim o decidir.
Em defesa da Democracia, é preciso acabar com a inimputabilidade dos agitadores.


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