De um artigo de hoje no Spiegel:
Parece que Lukas Rietzschel escreveu um romance que nos ajuda a chegar mais perto do fenómeno do neonazismo na região da antiga Alemanha de Leste. A história decorre num cenário que o autor conhece bem, porque é o da sua vida - fábricas abandonadas, casas abandonadas, aldeias abandonadas, escolas vazias por falta de crianças, um autocarro que já só passa duas vezes por dia - e descreve (traduzo do Spiegel) "um grupo que se sente como o que resta depois de todos terem partido: os que tinham mais mobilidade, os que tinham mais abertura - e particularmente as mulheres, em muitos casos".
Diz o Spiegel que é também um caso de boa literatura: o leitor entra na pele destes jovens com histórias familiares complicadas e com amigos de extrema direita, que receberam dos pais e dos avós as dores da perda e da decepção decorrentes do processo de reunificação alemã, e as tornaram suas.
Chama-se "Mit der Faust in die Welt schlagen".
"Aos murros ao mundo", diria eu: as escolas incendiadas para não deixar que lá se alojem refugiados, a loucura da caça ao estrangeiro que há semanas deflagrou em Chemnitz. Um mal-estar que se traduz em murros furiosos contra o mundo e os mais frágeis.
(Caso haja por aí algum editor atento: de nada, de nada, foi um prazer. :) )
3 comentários:
já sentia falta dos teus "murros ao mundo"...
"murros", Lucy?
No máximo, dou ao mundo um ou outro cascudo...
E pensava que aqui costumo é fazer-lhe festinhas. :)
(como uma pessoa se engana!)
são, então, festinhas/murros...
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