05 agosto 2018

o belo horrível


Tinha onze anos quando o petroleiro dinamarquês Jakob Maersk esteve a arder três dias em frente ao Castelo do Queijo. Depois do jantar metemo-nos no carro para ir à Foz ver aquela cena desconcertante: o mar em fogo.

No dia seguinte foi esse o tema principal na escola, e a professora de português aproveitou para nos introduzir a um conceito novo: o belo horrível.

Foi nisso que pensei ao ver esta imagem de "nuvens sobre os fogos da Califórnia", e ia escrever uma tirada fantástica, um "caminhamos para o fim, mas em glorioso!", ou algo do género. Por sorte lembrei-me de investigar um bocado mais, e descobri que isto não são fogos em lado nenhum. É apenas o lado de cima daquelas nuvens que nos encantam com os seus tons de fogo à hora do sol-pôr.

Ufff! Por pouco escapei a envergonhar-me outra vez na internet, repassando de forma acrítica o que encontro por aí. "Desconfiar" devia ser o nome do meio dos internautas.

Durante a pesquisa encontrei a imagem que se segue. Esta sim, um belo horrível: fascinante e assustadora.


The fire that devastated much of Fort McMurray, seen here on the evening of May 4th, 2016, was so massive that it created its own weather in the form of towering “pyrocumulonimbus” clouds capable of generating lightning. (Photo: Chris Schwarz/Government of Alberta, Flickr CC BY-ND 2.0)

Poupo-vos a tiradas fantásticas. Isto não está para retóricas.


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