Na quinta-feira passada deflagrou um incêndio numa área florestal de Brandeburgo. Primeiro 3 hectares, depois 30, depois - por causa do vento forte - 300.
O maior problema que se coloca ao combate a estes incêndios nas florestas alemãs são os restos de material explosivo que lá existem desde a segunda guerra mundial. Os bombeiros deram notícia de várias explosões.
Duas aldeias foram evacuadas. Com tanques do exército abriram caminhos por entre as árvores ardidas para os bombeiros poderem fazer o trabalho de rescaldo. A esta hora o fogo parece estar inteiramente dominado.
A população de alguns bairros de Berlim foi avisada para manter as janelas fechadas, por causa do fumo. Também se falou na possibilidade de haver chuva de cinza.
Os meios de comunicação social informam que até agora não se encontraram indícios de ter sido fogo posto.
Este incêndio teve ontem honras de meio minuto no noticiário nacional da noite (que dura 15 minutos). Aqui podem ver a reportagem no noticiário nacional às 9 da manhã de sábado, e aqui às oito da noite, quando já estava quase dominado.
Um jornal berlinense, o Tagesspiegel, contou o seguinte sobre a evacuação da população:
"Nem na guerra vi alguma vez uma coisa destas!", comentou Anita Biedermann, de 76 anos, quando abandonou a sua casa em Frohnsdorf com um pequeno saco na mão. Medicamentos, documentos de identificação e um casaco deve ser o suficiente, acrescentou. Não tinha medo. "Estão aqui tantos homens fantásticos", e apontava para os bombeiros e os assistentes dos Serviços Técnicos. Ia passar a noite no centro camarário de Treuenbrietzen. Ao anoitecer, as pessoas que se encontravam nesse local sujeitavam-se a uma dura espera. No ginásio havia colchões, mas ninguém queria dormir. Apenas 21 dos evacuados foram ali alojados. Todos os outros encontraram abrigo na casa de conhecidos seus.
Inúmeros cidadãos contactaram a Câmara para oferecer a quem precisasse alojamento nas suas casas. Também Anita Biedermann recebeu uma oferta dessas, mas recusou: "nós não vamos dormir, vamos fazer uma festarola", brincou ela, e ergueu o seu copo de água mineral para brindar com os vizinhos.
Estava com esperança de poder regressar a casa por volta das seis da manhã.
O artigo do jornal termina com a seguinte síntese:
Brandeburgo vive um dos mais terríveis anos de incêndios florestais. Até agora já houve mais de 400 incêndios. Desde o início do milénio que não se via nada disto. Este ano arderam 691 hectares - incluindo os 300 do incêndio mais recente. Em particular a monocultura dos pinhais é facilmente inflamável.
Se bem conheço os alemães, muito em breve darão início a um programa intenso de reflorestação para acabar com a monocultura, e não vai haver protestos. O que tem de ser tem muita força, dirão eles. A começar pela tal Anita Biedermann.
1 comentário:
Ao contrário, cá na Tugalandia gostamos da megafonização da desgraça e do horror.
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