MF 2018 Dia 9
O aquecimento global comanda o nosso estilo de vida, a temperatura sobe, os pólos derretem, Estados de escaldantes territórios desérticos rebentam uns após outros, os seus habitantes partem com a família em busca de um novo lugar onde viver, os filhos do Norte dão a volta ao mundo em busca de um emprego melhor. O mundo transforma-se num aquário, as fronteiras esbatem-se, uma Humanidade global entretém-se a chapinhar nele com uma escova de dentes na bagagem de mão. Só uma vez a cada quatro anos é que o mundo se divide de novo em nações, e joga futebol: país contra país. Estes jogos têm um efeito hipnótico sobre a população mundial. As lojas ficam desertas, milhares de milhões juntam-se em frente aos ecrãs. Só uma pequena minoria permanece alheia à magia do futebol. O meu amigo Peter é imune à febre futebolística, e saboreia o Mundial de Futebol à sua maneira muito especial. Quando os alemães jogaram contra os mexicanos, foi com a família à Ikea. Era um desses domingos em que é permitido ao comércio abrir as portas. Normalmente haveria centenas de pessoas em filas intermináveis, e só com muito esforço se conseguiria enfiar os filhos na „Småland“, o paraíso infantil dos suecos. À volta de cada peça de mobiliário haveria uma multidão que não deixaria Peter ver, quanto mais tocar. No dia do primeiro jogo dos alemães a Ikea estava vazia, deram ao seu filho todos os peluches do paraíso, e o próprio Peter pôde deitar-se em todas as camas da exposição e inspeccionar todas as cozinhas. Quando os alemães jogarem contra os suecos quer ir à piscina. Quer experimentar, uma vez na vida, fazer as suas piscinas em água lisa. O meu amigo tem planos fantásticos para o caso de os alemães conseguirem avançar no Mundial.
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