09 fevereiro 2018

casados, recasados, abstinência sexual, e as parangonas pró escândalo

A propósito da sugestão do patriarca D. Manuel Clemente sobre casais "recasados" praticarem a abstinência sexual para poderem ser integrados na vida da sua comunidade cristã

[ uma pessoa escreve isto, e só lhe dá vontade de rir, e é para não chorar: será que vão pôr câmaras escondidas no quarto daquele casal? estão à espera que esse casal viva em tensão permanente, "ai não me dês um beijo que é pecado!", "ai, tira daí as mãos que por tua causa ainda vamos para o inferno!", "ai chega-te para lá, olha que se cedermos à tentação temos de nos ir confessar e rezar quantas avé-marias o padre quiser para podermos comungar de novo, ainda outro dia ele nos mandou rezar dois terços, se prevaricamos já outra vez levamos tantos pais-nossos que temos de meter dois dias de férias para cumprir a penitência" ]

[ isto não são recasados, isto são dois desgraçados em permanente situação de "ai-tu-não-me-tentes!" - que espécie de perversão, que espécie de ódio ao humano leva alguém a sugerir esta regra? ]

a propósito, dizia, da abstinência sexual dos recasados, o António Marujo escreveu, à sua habitual maneira de quem sabe, três textos:

1. A polémica que houve nos Estados Unidos devido à carta pastoral de Braga.

Destaco desse texto: "Ora, é precisamente isto que estes argumentos revelam não entender: as “responsabilidades pastorais” remetem para a ideia do pastor. E o bom pastor, como se lê no evangelho, é o que dá a vida pelas suas ovelhas. É aquele que é capaz de deixar as cinco ou dez ovelhas que (ainda) estão no redil e sair à procura daquelas que saíram porta fora ou ficaram à porta ou bateram com a porta ou a quem alguém bateu com a porta na cara. A misericórdia e a situação de cada pessoa são, no evangelho, atitudes centrais. E é a recuperação dessas ideias que a carta pastoral de Braga tenta propor. "

2. Uma comparação entre as orientações da Diocese de Braga (e entretanto também Aveiro e Viseu) e as da Diocese de Lisboa. Também em Portugal: uma Igreja dividida.

[ e de novo me dá vontade de rir: Braga, capital do turismo religioso - os casais lisboetas vão lá passar o fim-de-semana ou as férias, para poderem ter relações sexuais e a seguir ir à missa de consciência tranquila ]
[ e mandam postais para família e amigos em Lisboa: "estamos a gozar uns santos dias em Braga! Mas nem sabemos que tempo faz, porque temos estado no hotel a tirar as barriguinhas de misérias." ]

3. Uma crítica ao título pouco correcto no jornal Público: não é a Igreja, é apenas a Diocese de Lisboa.

Gostei muito do sarcasmo na frase final: "A responsabilidade social do jornalismo passa pelo rigor da informação. Mesmo no que à religião diz respeito."


2 comentários:

Ana Claudia disse...

"que espécie de perversão, que espécie de ódio ao humano leva alguém a sugerir esta regra?"
A ICAR é das igrejas mais benévolas neste aspecto, há religiões que têm instruções bem mais explicitas (e risíveis, até ás lágrimas), algumas com videos explicativos em linguagem gestual.

Helena Araújo disse...

SAber que há pior não nos consola muito, pois não?
Ao menos é bom saber que dentro da própria Igreja Católica há melhor.