“Herr Keuner” é o „senhor Ninguém“, se pronunciarmos o nome com um leve dialecto. É um conjunto de textos curtos, que #Brecht foi escrevendo ao longo de trinta anos, de 1926 a 1956, a par com outros trabalhos e ligados a eles. O senhor K. reflecte o pensamento de Brecht e expõe-no em diálogos muito sintéticos. Alguns exemplos:
O esforço do melhor
„Em que está a trabalhar?”, perguntaram ao senhor K. “Estou a esforçar-me imenso, preparo o meu próximo erro.”
A questão sobre a existência de Deus
Alguém perguntou ao senhor K. se Deus existe. O senhor K. respondeu: “Aconselho-te a reflectir sobre se mudarias o teu comportamento caso Deus existisse. Se não mudares, podemos esquecer esta pergunta. Se mudares, então posso ajudar-te um pouco mais dizendo-te que já tomaste uma decisão: precisas de ter um Deus.”
O reencontro
Um homem que o senhor K. já não via há muito cumprimentou-o do seguinte modo: “Não mudou nada!” “Oh!”, disse o senhor K., e empalideceu.
Se o senhor K. amasse alguém
“Que faz”, perguntaram ao senhor K., “quando ama alguém?” “Faço um esboço dessa pessoa“, respondeu o senhor K. „e tento que se lhe assemelhe.” “O esboço?“ „Não“, disse o senhor K., „a pessoa.“
1 comentário:
Por causa desse livro ainda tenho como elefante o número da minha esposa no telemóvel. Adoro-o.
Enviar um comentário