23 outubro 2017

somos todos contra os incêndios (3)

Um amigo meu, advogado no Minho, teve durante muitos anos um caso de um pastor que largou as suas cabras num baldio recém-arborizado. Se bem me lembro, o pastor argumentava que aquele baldio sempre tinha sido do povo e das suas cabras, e que era um abuso roubarem aquele terreno para pôr árvores. O caso estava muito complicado para o pastor, mas ele teimava nas suas razões.

Volta e meia pagava ao advogado com um cabritinho, e depois o advogado vinha com a família à nossa casa assar o cabritinho no forno de pedra da cozinha da eira. Muito cabritinho impecavelmente temperado e assado comi eu por conta daquele pleito!

Agora, depois do que aprendi com estes incêndios terríveis, fico a pensar que quem devia ter dado os cabritinhos era a sociedade toda, e ao pastor, e vivos. Houvesse mais baldios e mais cabras a limpar os terrenos!


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