01 junho 2017

o primado da consciência

(foto)

Como não gostar destes alemães?
Ontem, em Nürnberg, a polícia foi a uma escola profissional buscar um estudante afegão para ser repatriado. Este começou por se deixar conduzir docilmente, mas os colegas reagiram de forma espontânea e imediata com uma manifestação de 300 alunos, incluindo 50 jovens sentados em frente ao carro para o impedir de sair.
A situação evoluiu para confrontos violentos, com nove polícias feridos e vários estudantes detidos.

O afegão, de vinte anos, estava há quatro anos na Alemanha. Os professores informam que estava bem integrado, e que ia começar a sua formação em carpintaria. Os serviços estatais decidiram que não havia motivos para lhe conceder asilo, e enviaram a polícia à escola para o apanharem antes do início das aulas. Ao fim de várias horas, uso de bastões, cães e gás lacrimogéneo, a carrinha conseguiu sair com o seu detido. Houve nova manifestação, desta vez em frente ao ministério dos Negócios Estrangeiros. O governo regional decidiu suspender o repatriamento. O jovem afegão ainda ficou detido devido a ter resistido aos agentes da ordem, mas acabou por ser libertado.

Passou-se na Baviera, Estado governado pelo CSU, que tem pressionado imenso a Angela Merkel para mudar a sua política de refugiados. Devido a essas pressões vindas de áreas mais conservadoras e populistas, o governo tem tomado decisões de pura hipocrisia: declara certas áreas do Afeganistão relativamente seguras, para poder recusar alguns pedidos de asilo e repatriar afegãos.

Aparentemente, o recente ataque dentro da área verde de Kabul, que matou noventa pessoas, e destruiu - entre muitos outros edifícios - também a embaixada alemã, foi um sinal claro de que é impossível ao governo alemão continuar a laborar naquela mentira. De momento, os repatriamentos para o Afeganistão foram suspensos.

Na Baviera não há consenso político sobre o caso. O presidente da câmara de Nürnberg critica a entrada da polícia na escola. O líder regional do SPD alerta para a necessidade de os jovens refugiados se sentirem seguros no espaço escolar, caso contrário deixam de frequentar a escola, o que é fatal para o esforço de integração. Já o CSU critica o comportamento dos manifestantes. 

Penso naqueles jovens que arriscaram levar cacetadas e gás lacrimogéneo para impedirem a polícia de cometer uma injustiça às ordens de um governo que está a fazer concessões à direita xenófoba e nacionalista, e comovo-me.


Adenda: Encontrei no mural de facebook da Manela Martins esta pequena reportagem dos tumultos:






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