30 junho 2017

a paranóia no poder

Esta semana preenchi o formulário ESTA, para poder entrar nos EUA. Quando cheguei à pergunta (cito de memória) "A partir de 1.03.2011 esteve no Iraque, no Irão, na Síria, no Sudão, no Jemen, na Líbia ou na Somália?" pus uma cruzinha no "não" com um sentimento misto de alívio e sobressalto.
E se tivesse estado? Isso faria de mim automaticamente uma pessoa que não deve ser autorizada a entrar nos EUA?

Na Newsletter do Spiegel desta manhã, Dirk Kurbjuweit escrevia:

Começou. Esta manhã entrou em vigor uma parte da Proibição de Entradas de Donald Trump para cidadãos de seis estados de religião muçulmana: Irão, Líbia, Sudão, Jemen, Somália, Síria. É oficial: quem governa é a paranóia. Com algumas excepções, as pessoas destes países vão ser tratadas como se pudessem ser perigosas para os EUA. Alguém ainda se incomoda com isto? Temo que tenhamos chegado à zona de habituação. O eterno escândalo Trump tornou-se normalidade, como era de temer. Quando a situação se torna insuportável, após algum tempo encontra-se alívio na ideia de que podia ser ainda pior.

Quanto mais vejo, menos vontade tenho de apontar o dedo aos alemães dos anos trinta do século passado. Como é que foi possível eles terem permitido as leis raciais, por exemplo? Do mesmo modo que é possível isto estar a acontecer à nossa frente, e tornar-se realidade. E o Trump nem precisa de SS, SA, campos de concentração para a oposição, nada. Basta-lhe um decreto presidencial, e a Democracia que o elegeu.

2 comentários:

jj.amarante disse...

Eu estive no Irão de 24/Abr a 5/Mai/2010 e fui lá mais cedo porque no fundo receava que os EUA fizessem uma intervenção militar que partisse (directa ou indirectamente) boa parte da herança arquitectónica maravilhosa que felizmente ainda continua por lá. A data de Mar/2011 foi escolhida porque era preciso escolher alguma e nessa data o Obama colocara algumas restrições para receber iraquianos nos USA. O passaporte que usei nessa altura já caducou, caso contrário seria muito arriscado usar esse mesmo passaporte, poderia perder uma data de horas no aeroporto de entrada. Felizmente não tenciono voltar aos EUA, sempre que por lá passei senti que achavam que me faziam um enorme favor em deixar-me entrar, se calhar é o meu preconceito que vem da guerra do Vietnam em vez da intervenção na Europa na 2ª grande guerra.

Helena Araújo disse...

Se é preconceito, também o tenho. Sempre que passei a fronteira dos EUA, senti que me recebiam com maus modos.