04 maio 2017

blow-up

No lago há um casal de galeirões pacientemente no choco. Até aqui tudo normal (também os há cisnes, também os há patos - por estes dias vai por ali um aumento da taxa de natalidade que só visto). Mas num dos passeios com o Fox assisti a uma mudança de turno: a galeiroa levantou-se e foi dar uma volta pelo lago, enquanto o galeirão se sentava em cima dos ovos. Ou se calhar foi o contrário, se calhar apanhei foi a galeiroa a voltar, para o galeirão poder ir arejar um bocadinho. Vai avançado o feminismo nos galeirões, bastante mais avançado que entre os humanos.

Hoje, quando vi um deles a aproximar-se do ninho onde estava o seu par, comecei a filmar, pensando que ia apanhar outra mudança de turno. Nada disso. O bicho parecia que se tinha arrependido: mal chegou ao ninho, deu meia volta e foi outra vez à vida dele. Depois regressou ao ninho, mas nem chegou a entrar. Parecia que estava sem vontade de assumir a parte dele, o/a negligente.

Em casa, resolvi dar uma olhadinha antes de me desfazer do filme. De facto, queria dar uma ouvidinha: queria saber se se ouve o chilrear apesar do vento. E eis que - mês de Maio, mês de aparições! - para grande surpresa minha me aparece no ecrã do computador um galeirinho de cabeça vermelha.

Um dos adultos continua a chocar, o outro anda num vê-se-te-avias a levar comida ao filho que já nasceu. E eu a pensar que o pai da família já estava a começar a frequentar bares, a fugir às suas obrigações, a precisar de mais espaço...

Moral da história: mais depressa se apanha um preconceituoso que um coxo.





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