29 abril 2017

um passo para a maturidade nas relações entre a Alemanha e Israel

Começo com uma anedota que li num livro de humor judaico:

Um barco cheio de judeus chegou a Israel em 1948. À vista da terra, todos desataram a dar vivas, excepto um que começou a chorar e a lamentar-se.
- Porque é que te lamentas neste momento de alegria?, perguntou-lhe alguém.
 

- Oh, se era para os ingleses nos darem uma terra que não é deles, preferia que nos tivessem dado a Suíça!

Não sei se a notícia chegou a Portugal, mas esta semana houve uma alteração histórica na relação entre a Alemanha e Israel. Sigmar Gabriel, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, visitou Israel e encontrou-se com duas ONGs israelitas (B'Tselem e Breaking the Silence) que criticam a ocupação dos colonatos na Palestina e as violações dos Direitos Humanos cometidas por soldados israelitas. Netanyahu tinha ameaçado que cancelava o encontro agendado entre os dois se ele se atrevesse a visitar as organizações. Gabriel aceitou fazer algumas concessões, mas não desistiu do encontro com elas. Netanyahu cancelou a reunião com Gabriel, e acusou-o de falta de instinto político.

Sinto-me grata a Gabriel por ter mostrado que há uma diferença entre o povo judeu e o actual governo de Israel, e que a responsabilidade que a Alemanha tem perante um não é sinónimo de obrigação de acatar todas as prepotências do outro. A situação de ocupação ilegal do território palestiniano que se arrasta há décadas não pode ser tolerada por uma Alemanha condicionada pelo sentimento da culpa. Tanto mais que quem paga o preço não são os culpados do Holocausto, mas os palestinianos, que não tiveram nada a ver com esse horror.




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