29 março 2017

Europa



Já contei isto várias vezes: há cerca de 30 anos, quando vim para a Alemanha, precisei de uma autorização de residência e só consegui um emprego depois de verificarem que não havia um alemão desempregado capaz de desempenhar aquelas funções. Há 40 anos, o meu marido passou umas semanas numa zona rural francesa e, apenas por ser alemão, sentiu na pele a desconfiança e o repúdio de alguns franceses. Os nossos filhos, que pedem licença às botas para se irem instalar na parte da Europa que lhes convém, e sempre foram bem recebidos em França, não conseguem sequer imaginar como era o mundo do qual nós viemos.  E eu, que nasci numa Europa em paz e a avançar com passos que continuamente reforçavam a esperança, não consigo imaginar o mundo no qual os meus pais nasceram: a guerra atroz, a fome, a pobreza, o isolamento.

Destruir não é o caminho. Deitar abaixo para recomeçar a partir dos nacionalismos não é o caminho. Já tentámos essa via durante vários séculos, já devíamos saber que não é por aí.


4 comentários:

Alter Ego disse...

Bom dia, este post resume tão bem a minha opinião. Fica um "gosto". Como é possivel não verem que a união faz a força, neste caso a felicidade dos povos que aqui habitam. Nasci em 80, para mim o mundo foi sempre com a Europa unida. Mais que o medo do desconhecido é a pena que um projecto tão bom acabe. Mudem os termos, mudem as condicionantes, ajustem a um mundo novo se necessário. Mas não acabem com algo tão necessário, juntos somos melhores, juntos vamos mais longe...

Goldfish disse...

Posso copiar para o facebook com link para aqui e o teu nome mencionado?

Helena Araújo disse...

Claro, Goldfish!

Helena Araújo disse...

Alter Ego,
nem mais.
Penso que essa é a opinião da maioria dos mais jovens, incapazes de imaginar uma Europa com barreiras à mobilidade, por exemplo.