Dos golpes baixos para desacreditar uma pessoa, um dos que mais odeio é a insinuação. Não é preciso dizer ao que se vem com afirmações claras, não se corre o risco de ser desmentido, e a pessoa na berlinda nem sabe de que está a ser acusada. É apenas algo vago, umas reticências, e, caso comece a correr mal, "oh, estava a brincar! que é que pensaste que eu disse? oh, nada disso, nada disso, como é que te foste lembrar de tal coisa? mas que cabeça tortuosa..."
Tão fácil. Tão seguro. Tão eficaz.
O não dito materializa-se num "e se?" que se cola à pessoa atacada sem que ela se possa defender porque, de facto, não chegou a ser formulada acusação.
A insinuação
também é uma forma muito eficaz de divulgar ideias sem ter de responder
por elas. Toda uma arte. Em tempos tive um comentador no blogue que usava o meu espaço como palco de divulgação das suas teorias
negacionistas do Holocausto, contando as suas "dúvidas", do
género: "explique-me por favor uma coisa que não percebi - se no fim da
guerra houve muitas informações contraditórias e até inventadas, por
exemplo sobre haver câmaras de gás em Buchenwald, será que podemos
acreditar nas informações sobre Auschwitz?"
Há um outro tipo de insinuação que não é maligna, mas me criou muitos problemas. É um hábito antigo da - ponham os ombrinhos a jeito - minha sogra, que em vez de dizer "tenho sede" diz "hoje está um dia muito quente". O resultado é que as pessoas à sua volta desenvolveram o reflexo condicionado de entender muito mais do que o que ela diz. De modo que eu, quando cheguei à vida do filho dela, tive algumas dificuldades de comunicação. Se dizia coisas tão inócuas como "tenho de comprar uma água", o desgraçado do rapaz achava que eu queria comprar o café todo, e protestava: "não temos dinheiro para tanto!"
Há um outro tipo de insinuação que não é maligna, mas me criou muitos problemas. É um hábito antigo da - ponham os ombrinhos a jeito - minha sogra, que em vez de dizer "tenho sede" diz "hoje está um dia muito quente". O resultado é que as pessoas à sua volta desenvolveram o reflexo condicionado de entender muito mais do que o que ela diz. De modo que eu, quando cheguei à vida do filho dela, tive algumas dificuldades de comunicação. Se dizia coisas tão inócuas como "tenho de comprar uma água", o desgraçado do rapaz achava que eu queria comprar o café todo, e protestava: "não temos dinheiro para tanto!"
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