20 maio 2016

fantástico sentido de oportunidade (2)



Tem estado um tempo formidável em Berlim. "Formidável" é um conceito relativo, bem sei. Em todo o caso: ora com mais calor ora com menos, tem estado seco. Sim: há semanas que não chove! A relva do nosso jardim parece que tem icterícia, o acerto da factura da água do ano passado ainda nos dói na conta bancária, e não chove. E depois há o sádico do boletim meteorológico a repetir, dia após dia, que chove na Alemanha toda. Toda? Não! Uma pequena aldeia da Prússia resiste estoicamente no mapa.

Ontem não aguentei mais e fui regar o jardim. Bem sei, de outros anos, que se eu regar daí a nada chove. Até queria que a câmara de Berlim me pagasse a conta da água, porque com o que faço chover poupam eles a rega de todos os parques. O problema é que se eu não regar não chove, e ainda se lembram de me passar uma multa por causa do prejuízo da cidade. Reguei, portanto, e a relva começou a tingir-se, agradecida, sabem como é: aquela associação do verde à esperança.

Daqui a nada começa a chover. Se for o dilúvio, fui eu.


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