05 fevereiro 2016

cá vamos nós outra vez

Levantei-me à hora do costume (tão cedo que quase lhe poderia chamar ainda véspera). Espreitei a rua. Não havia ninguém por perto, fui em pijama buscar o jornal à caixa do correio. Ao passar pelo carro, vi que estava coberto de gelo. Como o Joachim estava atrasado, ajudei-o a raspar o gelo todo. Em pijama, claro, que em tempo de guerra não se limpam armas, e além disso estamos em Berlim. Levei o jornal para a cozinha, preparei o meu pequeno-almoço. Quando me ia sentar para gozar finalmente os primeiros momentos sossegados do dia olhei pela janela e:



Saí para o terraço, para melhorar o ângulo da fotografia, e de repente o chão abriu-se debaixo dos meus pés, que foram um para cada lado. Elementar, mas só então me ocorreu: se o carro tinha gelo, o terraço também. Levantei-me, e avancei cuidadosamente. Não há-de ser um terraço escorregadio como não-me-ocorre-nenhuma-imagem que me vai impedir de fazer o que considero importante. Sou eu e a Marie Curie, que ela também desgraçou a saúde mas não se desviou do seu objectivo. Já se arranjava um Nobel do Físico para casos como o nosso.







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