04 fevereiro 2016

alô alô, escuto...



Esta manhã um amigo ligou para o meu telemóvel, e começou por perguntar se eu estava no estrangeiro, porque o sinal de chamada que ele tinha ouvido era diferente do habitual na Alemanha, e que soava como quando faz uma chamada transatlântica.

A meio da conversa a ligação caiu, e eu fiquei à espera que me ligasse de novo.
Daí a um bom bocado o telefone tocou, e ele contou-me que de repente tinha começado a ouvir a minha voz repetindo tudo o que dissera desde o princípio do primeiro telefonema.

Eu sabia que não devia ter escrito aqueles textos para o Observador! Agora tenho a CIA no meu encalço. Ou isso, ou então será (enfim, remota hipótese, mas uma pessoa tem de contemplar todas as possibilidades) por ele me ter ligado do telefone fixo de uma empresa alemã importante, onde tem um trabalho de certa responsabilidade.

Agora estamos ambos a pensar numa conversa para ter ao telefone um dia que volte a parecer que a chamada está a ser captada algures do outro lado do mundo. Aceito sugestões.

(Estou a brincar, mas é sério: vigilância total. Não me agrada nada ter de me habituar à ideia de autocensurar tudo o que digo e escrevo para não correr o risco de, um dia que calhe de cair em desgraça por um motivo qualquer, se aproveitarem de uma fuga ao segredo de justiça (esse incontinente) para escarrapachar uma frase minha na primeira página de algum pasquim.)


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