15 setembro 2015

de que fogem eles?



Fogem de Zaatari, o campo de refugiados sírios na Jordânia, que já é a quarta "cidade" maior desse país. 

Fogem da fome:



Fogem da morte:




Na semana passada vi no noticiário da ZDF uma reportagem sobre as condições nos campos de refugiados no norte do Iraque. As tendas, o pó, a falta de perspectivas, um homem a gritar "mãe Merkel! Eu quero ir para a mãe Merkel!" e uma família que vendeu os últimos bens que tinha para pagar a alguém que leve um dos filhos deles, de 14 anos, para a Alemanha. Sabem que se ele conseguir chegar aqui não será mandado embora, por ser menor, e mais tarde talvez consiga chamar a família para vir viver com ele.

Um miúdo de 14 anos! Esta responsabilidade. A certeza das muitas dificuldades na travessia da Ásia Menor, do mar e da Europa. O risco de morrer nesta terrível desventura. Mostram imagens do adolescente no meio da família, e o repórter remata: "ele já não pode voltar atrás". Um miúdo de 14 anos.

Porque é que eu não lhe pago a passagem de avião e não o meto na minha casa? De algum modo sou como o fotógrafo que capta a imagem de uma criança a morrer de fome e um abutre por trás, à espera.

E nem me posso desculpar com o argumento de que é o que todos fazem. Este fim-de-semana estive com quatro alemães entre os 17 e os 24 anos. Mal comentei que estava a pensar meter cá em casa refugiados, desataram todos a dar-me informações sobre o que é preciso fazer e com quem eu devo falar. O miúdo de 17 anos trabalha como voluntário num centro de acolhimento e, apesar de morar num apartamento sem espaço suficiente, queria partilhar o seu próprio quarto com um refugiado.

Eles a trabalhar, e eu aqui a pôr imagens, e a dizer que é uma tragédia. Para o activismo de sofá ser completo, só me falta mesmo fazer um pin "Je suis Aylan"...


1 comentário:

Fuschia disse...

Sinto isso em várias coisas. Por exemplo, os animais abandonados. Dou comida, dinheiro mensalmente a várias instituições, mas não apanho todos os animais que encontro na rua. Por isso acho que é realmente nobre quem doa ao seu tempo.