20 agosto 2015

a banalidade do bem



Pensando bem, isto nem devia ser notícia no noticiário da televisão: na Baviera, um condutor de autocarro dá as boas-vindas aos 15 refugiados que leva a uma piscina: "Welcome to Germany, welcome to my country. Have a nice day!"

No noticiário da televisão, Klaus Kleber conta a cena, e emociona-se. Remata: "às vezes pode ser tão simples como isto".
(aqui, em alemão)

O caso já tem alguns dias, mas continuo a pensar nele. O que o condutor do autocarro fez não seria nada de especial se o nosso mundo fosse feito de empatia e respeito pelos outros. Mas o jornalista, mais do que ninguém, sabe que não é assim. Todos os dias há na Alemanha ataques físicos ou verbais muito graves contra os refugiados. E todos os dias há também gestos e frases de uma grande generosidade. Ainda bem que Klaus Kleber se engasgou um pouco ao referir um deles, o mais banal de todos - é sinal do poder redentor do Bem mais simples e banal. Gestos que estão ao alcance de qualquer um de nós, sem grande esforço e muito menos heroísmo.


3 comentários:

Jaime Santos disse...

Conheço bem a Alemanha, depois de lá ter vivido mais de 10 anos, e sei que as manifestações de humanidade ultrapassam de longe os ataques aos imigrantes e refugiados, simplesmente são menos dignas de nota. Mas discordo de si, o gesto é simples, como alude Kleber, mas é tudo menos banal. Hannah Arendt, que cunhou a expressão 'Banalidade do Mal', dizia que se o Mal podia ser extremo era sempre banal, só o Bem pode ser Radical. Talvez o gesto do condutor tenha sido não apenas uma manifestação de hospitalidade para com os refugiados, mas igualmente uma manifestação de orgulho pelo seu País estar a receber esta gente e lhes providenciar auxílio. Se foi, quem nos dera muitos Patriotas como este...

Helena Araújo disse...

Uiiii, Hannah Arendt!
Bem feita para mim: quem me mandou usar a palavra "banal"?
Estava apenas a querer dizer que gestos normais de civismo e bondade estão ao alcance de todos. E que bastava isso para o nosso mundo ficar muito melhor.

Paulo Topa disse...

Realmente, vezes de mais deixa-se passar o que é bom sem grande notícia.
Ainda bem que nem sempre é assim.