28 fevereiro 2015

às vezes diabos à solta pelas palavras

Ia para contar uma coisa, mas resolvi contar também outra que aconteceu antes.
(vá, é sábado, deixem-me redigir à maneira da preguiça)

Saí de carro com o Joachim (e o Fox, se querem saber tudo). Meti o carrinho das compras na mala. Saí do carro num cruzamento, com tanta pressa que me esqueci do carrinho. Fui ao Lidl, também me tinha esquecido do saco para as compras, trouxe tudo numa caixa de cartão enorme. A quem interessar possa: o Lidl tem compota de morango com 75% de frutos por 88 cêntimos. Talvez seja melhor não me perguntar como é possível produzir a este preço...
Talvez seja melhor perguntar, pensando bem. E ver se a resposta me satisfaz.
O Joachim (e o Fox) ainda não tinham regressado, pelo que resolvi tomar um café ao sol, enquanto os esperava. Deixei a minha caixa numa das cadeiras da esplanada e entrei na padaria para fazer a minha encomenda. Dois velhotes passaram pelas minhas coisas e fizeram comentários. Disse-lhes que era meu, disseram que eu era inconsciente. Velhinhos simpáticos (e simpática eu, também: olhei para eles a sorrir, suspeitando que se imaginaram que eu podia ser roubada era porque eles seriam capazes de roubar). Tapei as minhas compras com uma das mantas da cadeira, pensando que quem rouba um pacote de leite ou fruta é porque precisa. Mas tapei na mesma.
Sentei-me ao sol com o café e o bolo, à espera do Joachim. Vi um carro a estacionar sobre a saída do estacionamento onde nós queríamos deixar o nosso carro. Fui ter com o condutor, e avisei-o que aquilo era uma passagem para um parque de estacionamento, e o meu marido chegaria dentro de 2 minutos e quereria passar. O homem ficou chateado. Estacionou o carro, mas não o abandonou. Até que outro carro saiu, e ele estacionou no sítio adequado.
Ao passar por mim perguntou:
- Onde está o seu marido? Já passaram os dois minutos.
- Isso também eu queria saber...
- Está com uma amante!
Larguei uma gargalhada daquelas grandes, do fundo da barriga, para ele saber que me estava a rir dele.
Fiquei a pensar que lhe devia ter dito que estava com O amante, que hoje é sábado. Ou que estava com a mulher dele, por compaixão.
Se calhar amanhã devia ir ao confesso. Ando com muitas maldades cá por dentro.


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