30 julho 2014

mãe sofre...

O meu filho, teimoso como sabe-se lá o quê, decidiu - à revelia de todos os argumentos que lhe deram - ir de bicicleta do Areeiro ao Campo de Ourique, e do Campo de Ourique à Estação do Oriente, e voltar de lá para o Areeiro.
Estou à espera que me avisem que chegou são e salvo, para lhe ir dar um arraial de palmadas pedagógicas que o mando para o hospital...

(Sim, este é o que vai de bicicleta para a escola desde que tinha 5 anos. E que nos últimos seis anos fazia todos os dias uns valentes quilómetros de bicicleta em Berlim. Mas - que querem? - em cada país as pessoas conduzem de modo diferente, e eu sei lá se ele conhece as diferenças das idiossincrasias dos condutores alemães e portugueses. Eu, por exemplo, ultimamente estranho que, quando o sinal fica verde, os que esperam ao meu lado só começam a avançar quando eu já vou do outro lado do cruzamento. Haverá algum motivo para os condutores lisboetas demorarem tanto tempo a arrancar, nos cruzamentos? O que é que estou a fazer errado?)


8 comentários:

Cristina Torrão disse...

Eu também ficava preocupada, a forma de conduzir é totalmente diferente. Avisou-o para ter cuidado quando atravessa ruas em que está verde para peões, mas também para os carros que viram para essa rua? (Enfim, talvez isto só faça sentido, quando há faixa de bicicleta e esta coincida com a passadeira).

jj.amarante disse...

O arranque lento dos automóveis em Lisboa quando aparece o verde talvez se deva à prudência dos condutores que sabem que existe a tendência para passar sinais laranja de tom já bastante avermelhado.

Em Berlim ainda existem linhas de eléctrico? Quando chove eu passei a parar para cruzar os carris escorregadios apenas em ângulo de 90º. Em tempo seco não é tão mau mas eu recomendaria muito cuidado ao mudar de faixa num sítio com linha de eléctrico.

Pode argumentar com o seu filho que, à parte as pistas de ciclismo à beira-rio, terá tendência para encher os pulmões de gases de escape de automóvel, em quantidades semelhantes a um fumador de um ou dois maços por dia. Para um desportista talvez esta imagem o traumatize.

Quando andei de bicicleta em lisboa há muitos anos constatei que era muito mais rápido do que os autocarros.

Cristina Torrão disse...

Boa observação, jj.amarante! O meu marido, alemão, há vinte e poucos anos, também tinha essa ideia de vencer as cidades portuguesas em cima de uma bicicleta. Nunca mais me esqueço de como ele atravancou o trânsito sobre a ponte de D. Luís, no Porto (nessa altura, a ponte ainda estava aberta ao trânsito, era um movimento descomunal e só tinha duas faixas, uma para cada sentido). Mas depois de meia dúzia de baforadas bem fortes de gases a entrar-lhe nos pulmões, desistiu. Numa ocasião, em que parou nuns semáforos, numa rua a subir (no seu sentido) e de várias faixas de rodagem, quando surgiu o verde, ele até esteve um momento sem ver nada, no meio dos gases. A bicicleta que ele comprou em Portugal até apodreceu... (de falta de uso, não das emissões de CO2 ;)

Helena Araújo disse...

Cristina, quando eu soube já o rapaz ia a caminho da Estação do Oriente (que afinal foi Sete Rios, porque ele optou por ir de camioneta).

jj. amarante,
é isso mesmo: ele não tem paciência para esperar por autocarros e metros. Vai de bicicleta, vai mais rápido. Outro dia contou que alguém dentro de um carro lhe perguntou, em Berlim, como é que s chegava a não sei onde, e ele em vez de explicar disse "sigam-me". Porque com a sua bicicleta é tão rápido como os carros.

Trilhos de carros eléctricos: sim, há alguns, especialmente na parte oriental de Berlim. Às vezes provocam acidentes bem chatos, mesmo sem chuva.

snowgaze disse...

O meu também é assim: vai de bicicleta só para não ter que esperar por autocarros. Mas em terras lusas ainda não se atreveu - acho que não descobriu onde andam escondidas as bicicletas ;).
Eu também gostava de dar umas voltas, mas na minha terra. Nas cidades o trânsito é assustador. (No Porto até os peões levam com gases de escapes que devem dar cabo dos pulmões nuns minutos, aquelas ruas estreitas são terríveis.)

Helena Araújo disse...

Eu tenho um bocado de medo de ele andar de bicicleta na aldeia por causa dos carros que nas curvas passam tangentes aos muros. A filha da minha vizinha teve um acidente horroroso por causa disso. Ia de bicicleta, junto ao muro, e um carro espalmou-a contra o muro.

(Mas, vá: eu, se pudesse criar os filhos num lugar seguro, como debaixo da cama ou assim, era o que fazia...)

snowgaze disse...

Ai, que nem na aldeia se está seguro! É acreditar que eles farão as melhores escolhas, e pronto. Já que não os podemos guardar debaixo do braço... (a cama pode cair)

Helena Araújo disse...

E debaixo do braço, sabe-se lá se é justamente no dia em que se acaba o desodorizante... ;-)