08 maio 2014

uma palavra arménia: khachkar


Khachkar são cruzeiros em forma de bloco, com um dos lados primorosamente esculpido. Há mais de mil anos que existem nas tradições dos arménios: ora para lembrar à oração, ora para assinalar algum acontecimento importante ou expressar algum desejo, ora tudo isso num cruzeiro só.

Em vez da cruz habitual no cristianismo da Europa ocidental, o símbolo escolhido é a "árvore da vida": em forma de cruz, com ramagens de folhas e flores como sinal da força eterna da vida, une as profundezas da terra ao céu, o passado e o futuro. Uma cruz muito mais optimista que as nossas, sem dúvida.

Encontrei alguns khachkars, belíssimos, no mosteiro de Geghard, como na fotografia acima, e em Etchmiadzin, como nas imagens que se seguem.








Na avenida que conduz à Sé há uma fila de khachkars que conseguiram salvar do cemitério de Julfa, e levaram para Etchmiadzin. Julfa fica em Naquiijevão, uma das províncias históricas dos arménios, que Estaline decidiu dar ao Azerbaijão. O cemitério de Julfa tinha milhares de khachkars medievais, era património da UNESCO, mas nem isso impediu que os cruzeiros fossem destruídos e o cemitério arrasado.

Que ódio leva os povos a destruir tesouros da arte?
Não fala a arte uma língua universal capaz de se sobrepor aos ódios?






5 comentários:

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...



Acabo de ouvir na rádio vozes de Berlim a "kachkar" forte e feio, esta tarde, no Durão Babboso, na Univ. de Humboldt.

Não me digas que foste (também) tu?

Helena Araújo disse...

Hoje só saí de casa para levar o Fox à rua. Tenho tanto trabalho que nem sei por onde começar. O Durão Barroso esteve cá? Nem dei conta disso.

Gi disse...

São muito bonitos, Helena.
Mas não, por mais que o desejemos, a arte não se sobrepõe aos ódios. A arte não é independente da cultura, ou seja, da tribo em que se manifesta, por isso é até mais vulnerável ao ódio intertribal.

Paulo disse...

De repente pensei que era eu quem estava a apontar o caminho ao Ricardo e à senhora que o acompanha. Depois vi que afinal não. Falta lá uma cicatriz na cabeça.

Helena Araújo disse...

Tens uma cicatriz na cabeça, Paulo?
(e agora que falas nisso, sim: bem podias ter sido o nosso guia - em vez do "ganda Gor" tínhamos o "ganda Paulo")