12 maio 2014

as últimas testemunhas




Por falta de tempo, nem sequer folheei o programa do festival de teatro dos Berliner Festspiele deste ano. Uma pessoa não é de ferro, e este é o mês em que a casa está a acabar de ser construída (e se tem dado dores de cabeça!) e em que tenho encaixotar toda a nossa tralha, excepto aquela a que der outro destino - e dar destino é o que custa mais tempo. Como se não bastasse, chegam amanhã dois amigos da América, no sábado mais dois, e quando eles se forem embora vem a minha sogra para o concerto do Aznavour e para festejar o seu aniversário connosco. Acordo a meio da noite a pensar na vida, e a pensar como vou conseguir dar conta de tudo isto, e com tanta insónia acabo até a sonhar que não consigo dormir. Haverá pesadelo mais cansativo que este de sonhar que se está acordado na cama a pensar na vida?

Em suma: não tenho tempo para nada, e muito menos para folhear programas de festivais de teatro em Maio. Não folheei, mas ele veio ter comigo. Acabei de saber que vão passar "As Últimas Testemunhas":

Six Holocaust-survivors are seated on stage, in silence, behind a transparent curtain. Their only seemingly expressionless faces are projected on to the screen, while four younger actors read the stories of their lives and suffering. Photos from 1930s Vienna appear: masses of people cheering the Nazis, images from the camps, showing dead bodies and lost individuals; finally – scenes of the liberation. The men and women are between 80 and 100 years old. After their story has been told, they come to the front of the stage and deliver a very personal message. All this is staged with great delicacy, avoiding theatre effects and garnish; it is narrative in the best meaning of the word – and so avoids any dutiful contortions of memory combined with an automatic dismay. “The final witnesses” is a powerful yet fragile (theatre) document.

Não tenho tempo, tenho em casa visitas que não falam alemão (uma, por acaso, é judia) e algo me diz que esta é uma peça de teatro que vai acabar comigo. Mas é possível não ir ver?


Sem comentários: