26 janeiro 2014

praxe e totalitarismo



(foto)

Recupero parte do post que publiquei há dias (the third wave), e acrescento algumas perguntas:

Em 1967, numa High School de Palo Alto, o professor Ron Jones fez uma experiência com os seus estudantes, para lhes explicar como foi possível a população alemã ter embarcado no desvario nazi. Traduzo da wikipedia alemã: o professor criou um "movimento" dirigido por ele de forma totalitária, baseado numa disciplina de ferro e punição de todas as infracções às regras. O sentimento de comunidade entusiasmou os alunos, e atraiu até alunos de outras turmas. Jones reconheceu mais tarde que a obediência cega dos alunos lhe deu um prazer especial. Para quebrar a dinâmica própria que a experiência estava a desenvolver, terminou tudo ao quinto dia, e mostrou aos alunos os paralelos que havia entre esse "movimento" e as organizações de juventude nazis.
Mais tarde, Jones escreveu um livro relatando a sua experiência, a que chamou The third wave.

Bem sei que à lei de Godwin se devia acrescentar uma segunda: quando, na internet, alguém diz "nazi", essa afirmação é desvalorizada com a chacota "pronto, lá vem este outra vez com o Godwin!".  Mesmo sabendo isso, arrisco: quanto há de semente de totalitarismo nas praxes académicas que deixamos acontecer em Portugal?

- Uniformes: check.
- Disciplina e obediência: check.
- Exagerado espírito de comunidade que entorpece a ética e a consciência da própria dignidade: check.
- Orgulho de pertencer a essa comunidade: check.

Que mais é preciso? Quais são as diferenças entre o que acontece na praxe e as organizações de carácter totalitário? Dizer-se que não servem um regime político ditatorial chega a ser desculpa?


2 comentários:

lb disse...

Muito bom, Helena!

Helena Araújo disse...

Obrigada, lb. :)