30 janeiro 2014

Pete Seeger (2)

Roubado por inteiro ao site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura:

Pete Seeger, um homem de fé
Não há muitos anos, quem passasse por uma das estradas que sai de Beacon, perto de Nova Iorque, poderia ter-se cruzado com um homem postado na berma, de pé, segurando um cartaz com a palavra "Paz". Esse homem era Pete Seeger. Mesmo após os 90 anos, costumava sair de casa durante cerca de uma hora, quando o tempo estava bom, para segurar o seu cartaz, simplesmente porque era uma coisa boa de ser feita.
Toda a minha vida gostei da música de Pete Seeger. Gostava da sua guitarra e do seu banjo. Gostava dos convites que lançava para cantarmos com ele. Gostava das coisas sobre as quais ele cantava. E a partir do que fui conhecendo da sua vida, gostava da sua lealdade.
Pete cantou em muitas igrejas, mas não era crente numa religião organizada. Acreditava na humanidade e no nosso poder de permanecermos juntos e fazermos do mundo um lugar melhor.
Era um pensador que tentou fazer o que estava certo. O obituário do jornal "The New Yoik Times" conta como ele lamentou ter feito um anúncio para os cigarros "Lucky Strike" com a banda "folk" Weavers. Possivelmente também se sentiu desconfortável com os discos de sucesso que obteve com o mesmo conjunto, mas a fama não durou tempo suficiente para arrependimentos.
Em 1955 foi intimado a depor perante o Comité de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado. Decidiu escolher um caminho perigoso ao não invocar a Quinta Emenda [que protege os cidadãos dos abusos da autoridade governamental] nem dizer o nome dos seus companheiros de viagem, depois de na mesma manhã e na mesma sala de audiência ter ouvido o realizador Elia Kazan a escolher a opção contrária.


Em vez disso, Pete Seeger disse firmemente aos membros do Comité que teria todo o gosto em falar das músicas que cantava, mas nada lhes diria sobre as pessoas que as tinham composto, que as cantavam com ele ou que iam aos concertos ouvi-las. Chegou mesmo a propor ao Comité a discussão da canção "Study War No More (Down by the Riverside)", mas os investigadores não estavam interessados nessa cantiga.
Nesse tempo, Pete e a sua mulher, Toshi, tinham três crianças, e o cantor que morreu esta terça-feira, aos 94 anos, arriscou-se não só a ir para a lista negra, como também a ser acusado devido ao testemunho que prestou. Durante sete anos viveram com a ameaça de Pete ser preso, até que o caso foi arquivado.
Ao longo desse período, Pete aceitou todos os trabalhos que lhe propunham, viajando por todo o país para cantar em creches, escolas e círculos de costura de senhoras, enquanto que Toshi geria as suas digressões e educava as crianças na cabana de madeira que ambos tinham construído. Toshi também não ficava nada a dever à lealdade.
Esta manhã, ao escrever, oiço a minha atual música favorita de Pete Seeger, "Precious friend". É então que me recordo de "Old devil time", e as lágrimas caem-me por todos os dons que Pete e Toshi nos deram. E ainda não vos falei do barco à vela "Clearwater" que ele construiu para alertar para a limpeza do rio Hudson. A vida de Pete Seeger foi fé em ação.




Ir. Mary Ann McGivern
In National Catholic Reporter
Trad./adapt.: rjm
© SNPC (trad.) | 30.01.14

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