18 outubro 2013

é como as touradas

(foto)

Volta e meia rebenta novo debate sobre bater em crianças, e eu pareço aquela loira que ao ver uma casca de banana na rua pensa "oh, não, lá vou eu escorregar outra vez!"
Escorreguei de novo.

Por estes dias a questão tem andado animada para o lado do João Miguel Tavares (esta série, e mais uma boa dúzia de posts que se encontram facilmente googleando por "Pais de Quatro" e "palmadas".)

Quanto mais leio, mais me ocorre a comparação com as touradas: rodeados pelo mundo civilizado, e sentindo-se ameaçados por ele, alguns portugueses tentam corajosa, cega e intrepidamente defender as suas tradições. 

(sim, eu sei que uma palmadinha não é o mesmo que espetar um ferro no cachaço de um animal - estou apenas a notar os paralelos nesta teimosia de argumentar contra o estádio actual da nossa civilização)  

Para que este post tenha alguma componente de serviço público, para além da provocação que muito me alivia o fígado, partilho aqui o título de alguns dos livros que gostei de ler sobre o assunto:
- Thomas Gordon: Parent effectiveness training: the no-lose program for raising responsible children.
- Adele Faber e Elaine Mazlish: How to talk so kids will listen & listen so kids will talk.
- Dan Kindlon e Michael Thompson: Raising Cain - protecting the emotional life of boys.
Além destes, todos os da Dolto que me apareceram pela frente (em Portugal há um livro com uma compilação muito interessante dos seus textos e entrevistas, porque é feita por temas, tipo: "chichi na cama", "a criança é agressiva", "a criança diz palavrões", etc. - infelizmente, não me lembro do nome, e tenho-o emprestado a uns amigos), e um do Sévérin: "Mamã, papá, digam-me a verdade".

O debate na internet permitiu-me conhecer dois bloggers cuja posição em relação a este assunto me parece muito positiva, inteligente e equilibrada: a Magda (que faz coaching parental - fosse eu hoje mãe de filhos pequenos, e inscrevia-me logo para um dos seus workshops) e o André (que neste post comenta esta resposta a um comentário meu - deixei os links, mas fazem melhor se não forem ler. É perda de tempo, é como discutir as touradas: não há entendimento possível entre pessoas que estão em estádios diferentes da civilização.)

Finalmente: não sou uma mãe perfeita (nem acredito que isso exista). Fartei-me de fazer asneiras na educação dos meus filhos. Mas, pelo menos, não faço questão nenhuma de insistir em defender os erros que cometi, de os justificar e de tentar transformá-los em regra universal do agir.


24 comentários:

Cristina Torrão disse...

Gostei muito deste post, Helena. Apesar de não ter filhos, sou da tua opinião. Sim, já sei, há logo quem diga que não posso falar sobre o tema, por não ter experiência, como se não tivesse direito à minha opinião!!! Essas pessoas esquecem-se de que, apesar de não ser mãe, sou filha!
Por outro lado, normalmente, as pessoas na minha situação são mais adeptas das tradições. Acho que se esqueceram de como é ser criança...

Acho boa a comparação com as touradas, embora calcule que haja logo quem diga que estás a pôr as crianças ao nível de animais. Enfim, como tu dizes: "não há entendimento possível entre pessoas que estão em estádios diferentes da civilização".

Pedro disse...

Não sou pai e não sei o que faria se o fosse.

Apesar de concordar que esta questão é civilizacional, a comparação à tourada parece-me exagerada, no sentido em que quem vai à tourada vai para se divertir; quem bate nos filhos parece-me que não (quero acreditar nisso). Obviamente que a justificação pedagógica do acto não serve por si: de boas intenções está o inferno cheio e toda a gente sabe que a violência (um enxota moscas não deixa de ser violência) pode ser muita coisa, menos pedagógica.

Agora, como filho, preferi ter pais que me enxotassem moscas a ter uns que me dissessem, por exemplo "és burro" ou "não serves para nada" ou "só me dás desgostos". Tenho muito mais medo desta violência e das consequências que podem trazer, não só para o indivíduo, como para toda a sociedade. (embora não queira minorizar um mal com outro maior)

Helena Araújo disse...

Cristina, tu moras na Alemanha. É mais fácil pensar assim quando vives numa sociedade que age assim.

Pedro, o contrário de bater não é necessariamente violência psicológica, chantagem, ou sei lá o quê. Nenhum dos livros que mencionei sugere que se se diga a um miúdo que é burro, em vez de lhe bater. Há caminhos melhores que a violência física ou psicológica.
Uma outra confusão que anda muito por este debate é pensar que não bater é sinónimo de não educar. Pelo contrário: não bater é sinónimo de ainda mais atenção na educação.

Quanto às touradas: referia-me ao argumento "nós somos assim, é assim que o nosso povo sempre fez, ninguém tem nada com isso".

Ana Cristina Leonardo disse...

Eu tenho uma teoria :) sobre isso das palmadas que não fazem mal nenhum. NUNCA se deve bater em pessoas que não se podem defender. Ou seja, bater, só em gente da minha altura que me pode dar de volta.
Quanto aos erros cometidos, estou contigo. Ninguém é perfeito e ser mãe é a profissão mais difícil do mundo, mas se e quando cometemos erros - são erros. E como dizia a Yourcenar, andamos cá para morrer menos estúpidos do que nascemos.

Izzie disse...

Bom, eu sou daquelas que não sou mãe, pelo que não estou habilitada a falar (:P), mas sou contra, pronto. Bater num filho é ser um bully, um ditador, passar regras pela força. E não se podem admirar, depois, se um filho também levanta a mão, ainda reforça a rebeldia, ou leva estes comportamentos para fora de casa.
É claro que ninguém é perfeito, e entendo lindamente que deve haver dias em que se chega a pontos de loucura, mas se um pai perde a cabeça também deve ser crescidinho e pedir desculpa.
(acho o time out uma solução extraordinária, mas também implica esforço: os meus sobrinhos são mandados retirar para o quarto e simplesmente não vão. mas isso são outros quinhentos. ou seja, muitas vezes as situações escalam até o adulto perder a cabeça e usar força física porque antes também não esteve para se chatear, e acaba pela solução fácil da força bruta, adiante)

Pedro disse...

Claro que não é sinónimo, nem queria que assim fosse entendido; só quis trazer mais esse assunto para cima da mesa, porque é outra coisa que não se fala de todo.

Quando concordo que é civilizacional, é no aspecto transversal de tempo / espaço / nação / povo, sem tirar nem pôr.

A questão da educação (que como dizes, e bem, não é o bater e usar de outros mecanismos em vez de) passará por dois aspectos, consequência da evolução histórica da sociedade: o afecto/amor e a autoridade.
O amor porque nunca as crianças foram amadas como agora; a autoridade que tem sido conotada negativamente, separando-se de qualquer conceito de amor.

(e agora isto leva-me a pensar como é que as crias são castigadas no mundo animal, um pouco de observação não nos faria mal nenhum :) )
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Mafalda disse...

Bem eu pelos vistos posso falar porque tenho 3 filhos e tenho a dizer que educar é uma chatice sem fim e uma trabalheira. Já dei palmadas aos meus filhos mas sempre me arrependi. Foram todas fruto da minha perda de paciência e não de uma decisão pedagógica acertada. Mas concordo que estas discussões sobre educação tendem a degenerar porque as pessoas se sentem ofendidas no seu passado "eu cá apanhei e não me fez mal nenhum" como se do que se tratasse fosse insultar a educação que tem dado aos filhos.

Luís Novaes Tito disse...

Eu também nunca fui mãe mas arrependo-me dos dois tabefes que dei às minhas filhas (não sei se foram tantos, mas sei que foram demais).
Arrependi-me logo a seguir quando lhes li nos olhos o amor incondicional que me tinham.

Helena Araújo disse...

Ana Cristina, apoiado. :)
(também para a frase da Yourcenar - emboramente, há muito quem por aí diga que nós nascemos cheios de qualidades e a sociedade nos estraga)

Izzie, apoiado.
Quanto ao time out: eu ficava sempre fascinada quando o via a funcionar com os miúdos americanos. Mas parece-me que eles não vêem o time out como uma castigo. É mesmo só uma maneira de resolver o conflito sem humilhações: "o melhor é saíres daqui um bocadinho - depois já vais estar em condições de falar bem connosco".
Provavelmente o problema dos teus sobrinhos é que vêem o time out como um castigo, e resistem (cá para nós: é mesmoa assim, ah, valentes!).

Pedro, bem visto. Era boa ideia observar as crias no mundo animal, e as nossas. No mundo animal andam à vontade, brincam com a mãe e os irmãos, descobrem o mundo em liberdade. Volta e meia levam uma patadita da mãe.
As nossas crias: não faças isto, não faças aquilo, faz assim, faz assado, anda para aqui, vai para acolá, não! não! não! come o tomate! come direito! não metas o dedo no nariz! arruma o teu quarto! tira os sapatos! calça os sapatos!
Um filhote de leão tem uma infância imensamente mais feliz e despreocupada que um filhote de humano.

Já falei algures do filho dos meus amigos que tem deficiência mental, e já está a fazer 17 anos. Não se lhe pode dizer "não", porque se derrapa para um conflito que não termina nunca. Só se pode emitir ordens expressas de modo afirmativo. Em vez de "tira o dedo do nariz", "pega nos talheres com as duas mãos", por exemplo.
É dificílimo. Estamos completamente condicionados para dizer "não faças isto, não faças aquilo".
Para piorar, fizemos um mundo muito perigoso para as crianças: os apartamentos cheios de móveis onde se podem magoar, as ruas cheias de carros, os pedófilos a espreitar a cada esquina.
Isto não tem nada a ver com a minha infância, onde só tínhamos que estar em casa à hora das refeições. De resto, andávamos em bando pela aldeia da minha avó, ou nos descampados daquele fim da cidade onde vivíamos.

Helena Araújo disse...

Luís, :)
O meu pai só me deu um tabefe. Lembro-me como se fosse hoje. Eu teria uns cinco ou seis anos, ele mandou-me ir buscar o jornal ao andar de baixo, e eu, enquanto descia as escadas, o que era difícil como tudo porque nós tirávamos os paus que seguravam o tapete, para brincar ao D. Afonso Henriques a lutar contra os mouros, concentrei-me demasiado naquela aventura de descer as escadas e esqueci-me de ao que ia. O meu pai ao cimo das escadas a espumar, claro.
Quando acabei de dar as minhas voltas e resolvi voltar ao andar de cima, ele ainda lá estava, e deu-me uma valente estalada.
É verdade: eu não obedeci à ordem dele.
Também é verdade que nem se colocou a questão do amor, ou se eu lhe perdoava.
Já lá vão uns 45 anos, e ainda não esqueci. Ele não agiu correctamente.

Helena Araújo disse...

Mafalda, é isso - sentir que os estamos a ofender na sua prática de parentalidade - e mais ainda: sentir que estamos a criticar os seus próprios pais. Que são intocáveis, claro.

Cristina Torrão disse...

Só levaste um tabefe, Helena? Felizarda! Eu perdi a conta às vezes que levei tareias (tareias, não tabefes!) sem sequer saber porquê :(
É por isso que, apesar de não ter filhos, eu digo: não!!!

Nos comentários foram apontadas ideias importantes, a meu ver:

1 - É verdade que as crianças, às vezes, levam os pais quase ao desespero e pode sair uma estalada. Mas um pedido de desculpas resolve mesmo muita coisa!

2 - Tu fizeste erros, Helena. Ninguém é perfeito. Nem ninguém tem de ser perfeito. Também considerando o que a Ana Cristina diz: quem admite que comete erros e se esforça por não cometer injustiças, já está a ser boa mãe/bom pai.

Quem recorre à violência, psicológica ou física (eu levei das duas, Pedro) fá-lo porque se lhe acabaram os argumentos, mas não tem a humildade de reconhecer que perdeu a razão.

Há um Mandamento que nos manda honrar pai e mãe. Porque não há um Mandamento a mandar respeitar e amar os filhos? Não são os pais que têm de dar o exemplo? Porque se vira Deus para os filhos, em vez de para os pais? Porque se vira para os mais novos, que têm ainda muito para aprender, em vez de para os mais velhos, que têm a obrigação de educar?

As crianças nunca foram tão amadas como hoje? Não concordo. Hoje, confunde-se amor com satisfazer desejos, sem considerar que muitos desejos são satisfeitos por os pais não terem pachorra para aturar os filhos. Isso não é amor!!!

Helena Araújo disse...

Cristina,
Do meu pai, só levei uma bofetada (que ainda hoje lembro, por injusta). A minha mãe passava a vida a sacudir-nos o pó... Não a levávamos a sério.
Também dava reguadas (aos meus irmãos) com a escova de escamar o peixe. Eu tinha um medo horrível que ela se enganasse e lhes batesse com a parte dos pregos.
A única vez que apanhei a sério foi uma dúzia de "bolos". Eu tinha sete ou oito anos, vinha da escola, e no caminho parei com amigos, a brincar, e aproveitei haver ali uma bicicleta para experimentar andar sem rodinhas. A minha mãe estava em casa, nervosíssima com o meu atraso, meteu-se no carro para ver o que me teria acontecido, e quando me encontrou não quis saber da minha alegria de finalmente saber andar de bicicleta. Chegámos a casa, levei doze bolos. Porquê? Porque me esqueci de ir para casa a toda a velocidade. Não bastava ter dito "fiquei tão aflita, nem queiras saber!". Não: tinha de me bater daquela maneira...

Uma amiga minha contou-me a chorar (e já era adulta) que uma vez se atrasou no caminho para casa para juntar um ramo de flores silvestres para oferecer à mãe. Quando chegou a casa e estendeu as flores para a mãe, esta deu um safanão no ramo e deu-lhe uma bofetada, porque tinha demorado demasiado tempo no caminho da escola. As flores espalharam-se pelo chão.
Que cena tão triste!

Também me lembro do único "bolo" que levei na escola. Levamos todas, porque nenhuma soube dizer "gerúndio". Eu sabia, tinha o nome debaixo da língua, mas não me saiu. Levei um "bolo". Havia necessidade?!

Os meus irmãos levaram tareias de ficarem com nódoas negras. E eu, miúda, a ouvir aquelas pancadas, sabendo perfeitamente que aquilo não estava bem, e sem coragem para ir parar o adulto e dizer-lhe que ganhasse juízo. É das recordações mais pesadas da minha infância.

Será que os adultos não se lembram do que esse uso da violência destruía na relação de confiança com os pais?
(Curiosamente, o meu irmão que mais apanhou não se lembra de nada. Eu ainda me lembro nitidamente do som das pancadas.)

Bem lembrado, essa do mandamento de honrar os filhos.

mar disse...

Sempre que encontro a expressão ‘palmada pedagógica’, lembro-me disto: http://dangerousminds.net/comments/newspaper_asks_the_question_if_a_woman_needs_it_should_she_be_spank Com base nos penteados do primeiro senhor e nos óculos dos outros, o recorte será da segunda metade dos anos 50. O facto de um leitor ter enviado a pergunta sugere que a questão já não era consensual mas nem por isso os quatro respondentes tiveram qualquer problema em defender publicamente (com nome, profissão e fotografia visíveis) a ‘palmada pedagógica’ às mulheres.
Basta substituir ‘woman’ por ‘child’ e esperar que, com a velocidade de circulação nesta era de informação, o tempo aja mais depressa na mudança das mentalidades neste caso.

Helena Araújo disse...

Em especial o Teddy Galley. Igualzinho ao que hoje se diz sobre as crianças.

Encontrei a expressão "palmada psicológica" no Quadripolaridades, embrulhada no selo de garantia "pais psicólogos". E abreviada com sigla, P.P., para parecer mais científico.
Fiquei tão desapontada, que nem disse nada. Só pensei: melhor seria se, em vez de psicólogos, os pais fossem treinadores de cães - saberiam obter resultados sem precisar de bater.

Helena Araújo disse...

- enganei-me, não foi o Quadripolaridades, foi o MaeGyver.

Izzie disse...

Como fui educada por uma senhora com mão muito leve - e não estamos a falar de palmadas "pedagógicas" no rabo, estamos a falar de estaladas na cara, que só acabaram quando já tinha corpo e idade para lhe prometer dar troco na mesma moeda - não consigo entender argumentos que justifiquem a violência com as crianças. A perda de confiança é total, quando os adultos que mais nos deviam proteger se portam pior que os mauzões lá de fora. Em toda a minha vida só dei estalos ao meu irmão - enquanto éramos crianças tínhamos brigas monumentais, nem sei porquê (modo irónico) com tão bons exemplos à roda - e num namorado que me traiu (era adolescente...). Às vezes digo aos meus sobrinhos "olha que levas um chuto", mas eles já sabem que é tolice. Ah, isto tudo para dizer que concordo muito com o mandamento da Cristina, e que já está lá, na Declaração de Direitos da Criança. E também para concordar que as crianças são muito mimadas, não são amadas. Há uma alergia generalizada a coisas como autoridade ou disciplina, Às vezes penso se a minha geração acha que não se consegue criar um clima disciplinado sem amor, ou que autoridade é sinónimo de violência. Porque os meus sobrinhos não obedecem a nada, nada, e é por isso que não cumprem o time out. Os pais também não estão para se chatear e afirmar, não querem traumas, e às vezes o circo é tal que pronto, sai berro, sai palmada. Não entendo, foi-se do 8 ao 80 e o resultado acaba por ser o mesmo.

Helena Araújo disse...

Izzie, isso mesmo: há muito quem confunda mimo com amor. E depois vão do 8 ao 80.

snowgaze disse...

Olha, eu quando os meus me faziam perder a cabeça, fazia-lhes cócegas para não lhes bater. A questão é que o que eles precisavam era de uma distracção para deixarem a tolice que estavam a fazer, um bocado como dar um toque com a perna a um cão que está a fazer asneiras (não percebo nada de cães, só o que vi no programa do César Milan).
Com a miúda às vezes corre mal, começa a fazer asneiritas só para que haja mais cócegas... :)
Mas se me fizessem uma (e fizeram, tanto um como o outro) como desatar a correr para longe, explico que não podem fazer isso que fico muito aflita. É muito curioso porque, espantosamente, resulta.
E pronto, se calhar também levaram uma sapatada uma ou duas vezes, não me lembro... ninguém é perfeito.
Incomoda-me não o facto de às vezes um pai ou mãe perder as estribeiras e dar uma palmada, mas o facto de o defenderem como se fosse correcto. Como se fossem todos masoquistas e tivessem gostado de apanhar quando eram pequenos.

Helena Araújo disse...

snowgaze,
já dei esse exemplo noutros sítios, e já me caíram em cima, dizendo que preferiam uma bofetada a cócegas. Não vale a pena: quem faz questão de acreditar numa coisa, não vai mudar de opinião.
E é isso mesmo: o problema não é bater, é defender isso como se fosse correcto. Como se fosse um instrumento essencial da educação, com sigla e tudo. P.P.
(para mim, p.p. lembra-me uma expressão muito usada no Porto, com um q. no meio, calateboca...)

Gi disse...

Eu apanhei bastante da minha mãe, quando ela não percebia o porquê das minhas atitudes e eu não sabia explicar-lho. Por isso acho que a palmada é uma espécie de argumento final, quando falha completamente a comunicação. O ideal, claro, seria que nunca fosse usada.

Com o meu cão aprendi que quando ele se porta mal, o que é raro, é porque eu não lhe estou a dar condições para ele se portar bem. Será que funciona assim com as crianças?

Helena Araújo disse...

Gi, eu diria que a palmada é sempre uma derrota da inteligência.

Admito que as crianças sejam mais complexas que os cães. ;-)
Lembro-me, por exemplo, de uma altura em que os nossos miúdos andavam insuportáveis. Mais tarde percebi: nós estávamos a pensar mudar para Portugal, e estávamos cheios de medo desse passo. Eles perceberam o nosso desconforto, e ficaram também inseguros.
Se tivéssemos decidido partir para a bofetada, teria sido muito injusto para eles.

Cristina Torrão disse...

Gi e Helena, bonitos comentários :-)

Gi disse...

Claro que teria, Helena, assim como às vezes senti a injustiça das palmadas que apanhei.
Outras vezes não seriam injustas, mas não terão sido a melhor solução. Terá sido a única que a minha mãe, na altura, encontrou, mas hoje em dia já temos obrigação de encontrar diferentes, não é verdade? Porque a pedagogia já cresceu muito desde então.