24 setembro 2013

coligações




A propósito deste post do Tomás Vasques, sobre a Merkel andar à procura de noivo, convém esclarecer o seguinte:

- Ninguém quer ser parceiro do CDU/CSU no próximo governo. A experiência tem mostrado que a Merkel mais parece uma viúva-negra - a aranha que devora o parceiro depois da cópula. Eles já sabem ao que vão, e por isso não querem ir.

- O governo tem de ser maioritário. Se a Merkel não conseguir parceiro de coligação, vai ser necessário fazer novas eleições, e nessas os socialistas e os verdes seriam provavelmente muito castigados.

- Os Verdes e o SPD estão a fazer-se de caros, o que é bastante difícil, porque esta é mais uma daquelas situações em que não têm alternativa. Tentam ganhar margem de manobra para impor partes do seu próprio programa eleitoral. Do que tenho ouvido sobre as discussões, lamento informar mas a gestão da crise europeia não parece estar no centro das preocupações desses partidos. Os temas em que há desacordo são outros: impostos, meio-ambiente, "salário" para as mães que ficam em casa em vez de pôr os filhos na creche, e outros assuntos de política interna.

- Para quem pensa que na Alemanha podia haver uma grande coligação de esquerda: parece-me que neste período legislativo isso não é possível, porque o SPD negou liminarmente essa possibilidade, durante a campanha eleitoral. Fazê-lo agora seria burlar os eleitores. Mas já começaram a falar nessa hipótese para as próximas eleições. Estou muito curiosa para ver a resposta que as urnas darão (gostava mesmo que o tempo andasse para a frente quatro anos, para ver o que acontece).

Um apontamento final: no rescaldo das eleições alemãs, o João Rodrigues e o Daniel Oliveira defendem que não adianta esperar pela Alemanha, e que os países periféricos vão ter de tomar a iniciativa para conseguir uma saída da crise. Concordo inteiramente com esta conclusão - e já vem com um inexplicável atraso de 12 anos. É muito boa ideia deixar de esperar pela Alemanha. Os nossos governantes que acordem para as suas responsabilidades e façam o seu trabalho, que é o de cuidar dos interesses dos portugueses (se não souberem o que é isso, sugiro que vão lendo o blogue A Areia dos Dias - encontram lá os valores essenciais). Exigir dos governantes, e também de todos os partidos (e de nós próprios) actos responsáveis, em vez de joguinhos de poder e piadolas que só servem para contaminar ainda mais o ambiente.

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