02 junho 2013

apontamentos de uma visita

(Com fotos roubadas à prima-prisma, outras minhas. Vão sem identificação do autor, fica tudo em família)

1.



O concerto com Rattle e a Filarmónica: Pierre Boulez e Brahms. Na primeira parte, as Notations de Pierre Boulez. Estávamos sentadas nos bancos do coro, mesmo por trás da orquestra, o que foi uma sorte porque quase chegámos ao lado de dentro dessa música. Além disso, a Notations II tem um impressionante swing na percussão, que acontecia a meio metro de nós.




(com Pierre Boulez a dirigir)

Parece que a troika também deu na Filarmonia, porque já estão a recorrer a instrumentos musicais que nem à Orquestra Sinfónica de Kinshasa lembraria...


Depois do intervalo fomos para um dos blocos laterais. Era Bruckner, sinfonia nº 7 - queríamos ouvir naquelas cadeiras confortáveis, que nos fazem sentir como na nossa própria sala de estar. Esta sala lembra-me sempre um ovo: redonda, aconchegante, envolvente.




2. Neue National Galerie:


Todos falam do tempo.
Nós não.




3. E por falar no tempo...



Estava a chover tanto que as fotografias pareciam a preto e branco. Refugiámo-nos na Academia das Artes, junto à porta de Brandemburgo. A comida era sofrível, o serviço péssimo. Mas os cartazes à nossa volta animavam bem o tempo de espera.






4. A caminho do Parlamento parámos no memorial, recentemente inaugurado, que lembra a perseguição nazi aos Sinti e Roma. As palavras de um antigo presidente da República não deixam dúvidas:



5. As salas das comissões parlamentares - mais que um símbolo, uma exigência de transparência na política:





6. Berlim sempre em reinvenção:
  



7. O museu de arte contemporânea, Hamburger Bahnhof:



Neste momento tem uma extensa exposição de Martin Kippenberger.
Numa das primeiras salas, a escultura "Martin, vai para o canto e tem vergonha!" intimidou-me tanto que nem me aproximei.

(daqui - the Paris Review, Susan Kippenberger on "Kippenberger", artigo em inglês)


Algumas salas à frente ri-me com os seus candeeiros de rua, e com a ironia destes títulos:

"Elite"

"Helmut Newton para pobres"


Na colecção permanente do museu encontrei um bocadinho de Portugal, pelo olhar de Beuys:



Joseph Beuys, 1921 - 1986
                             Bacalhau + martelo para surdos, 1959 + 1960

         
(surdos? em que surdos estaria ele a pensar?)   (e: martelo para surdos?!...)  



4 comentários:

Paulo disse...

Frigideiras velhas na Filarmonia... onde já se viu!
Haverá alguma ligação entre essa frigideira e o bacalhau do Beuys?

Helena Araújo disse...

hahahaha
Deve haver, deve. Eu é que provavelmente não olhei com atenção, mas às tantas lá no bloco da percussão havia um garrafão de vidro cheio de azeite... ;-)

Paulo disse...

Um dia destes podias fazer uma bacalhauzada no bar dos artistas. Ou talvez seja melhor não. Imagina a Sala Grande cheia do aroma do Bacalhau à moda da Margarida da Praça, ou assim.

Helena Araújo disse...

Estou mesmo a ver a cena: eu a deitar a mão ao bacalhau, e o guarda da sala a dar-me com o martelo para surdos na tola!
"Não se pode tocar nos objectos expostos! Estás a ouvir? Ó!" - e toc, toc, toc - que é como o martelo para surdos soará, admito eu.
(além disso, estas exposições nunca são completas - falta a vitrine com o azeite, a vitrine com os alhos...) (e o museu dos instrumentos de música fica muito longe, tinha de ir lá antes buscar a frigideira)