Levei algum tempo a perceber porque é que o Grândola que têm andado a cantar por aí me comove. Até que me lembrei do poema da Sophia: "o dia inicial inteiro e limpo".
Cantar o Grândola hoje como um povo que faz reset, para voltar ao fundamental.
E se - à força de Grândolas, apupos e manifestações - este governo cair: o que se segue? Vira o disco e toca o mesmo? Assistiremos a ainda mais implosão da Democracia? Ou há aqui sementes de mudança para melhor? Penso que os protestos são fundamentais, mas precisamos de mais do que isso. Daqui a nada a nossa Democracia tem 40 anos - já ninguém pode dizer que ainda é jovem, e que estamos a aprender, e que precisamos de mais tempo.
No blogue A Areia dos Dias, a Manuela Silva fala dos motivos para protestar, dos princípios que têm de voltar a estar no centro das preocupações do Governo e da União Europeia, e de exemplos de participação possível:
- Auditoria Cidadã à Dívida (veja-se aqui o Relatório Preliminar)
- Congresso Democrático das Alternativas
- Rede Economia com Futuro
Vamos hoje para a rua.
Depois, associemo-nos a estes movimentos, ou a outros - não importa. Fundamental é despertarmos, participarmos, não nos deixarmos derrotar pelo tamanho da tarefa - e não deixarmos para amanhã o que temos de mudar hoje.
Na semana da morte de Stéphane Hessel, lembremos o seu apelo: engagez-vous. A nossa Primavera começa hoje, com o esforço de cada um de nós.
1 comentário:
Parece-me que os espanhóis começaram a cantar o Grândola nas manifestações deles no ano passado. Não sei se cantar o Grândola não se terá tornado um fenómeno maior, uma manifestação da indignação colectiva que ultrapassa fronteiras.
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