01 fevereiro 2013

boas maneiras



Ninguém me disse como é que neste séc. XXI se faz quando um homem e uma mulher se aproximam ao mesmo tempo de uma porta, de modo que ontem fui ao meu jantar de VIPs muito atrapalhada, tratando de não ter nenhum homem por perto quando tinha de passar de uma sala para a outra.
Tudo acabou em bem, sem qualquer percalço, entrei sozinha e saí com mulheres, ufff!
Se tivesse reino, há dias em que estaria capaz de o trocar por uma ilha deserta e sem portas. Quer dizer: se não tivesse portas já não precisava de ser deserta.
Ou então, trocava o meu reino pelo Begijnhof.
Bom, esqueçam - tenho de pensar um bocadinho melhor nisso tudo.

O jantar foi no Hotel Pestana Tiergarten. O que se segue não é publicidade paga (antes fosse...), é apenas surpresa e gratidão.
Era um Jantar de Perdição, no qual se falava do famoso livro do Camilo Castelo Branco, e se comiam comidas afrodisíacas. Até avisaram que ainda havia quartos disponíveis, ah, os malandros não dão ponto sem nó.
Olhei para a ementa, e apanhei um susto: sopa com amêndoas torradas, risoto com castanhas de caju, mousse de chocolate com noz. Não posso comer nada disso. De modo que pedi ao empregado de mesa que ao menos não deitassem as amêndoas na minha sopa. Eu tiraria depois as castanhas de caju do arroz (encomendando a minha alma, pelo sim pelo não), e da sobremesa só comeria o ananás com coco. Daí a nada chegou a minha sopa sem amêndoa, quando estava à espera do risoto-seja-o-que-Deus-quiser ele apareceu-me com um risoto sem castanhas de caju (o que significa que foi feito exclusivamente para mim), em vez da mousse veio um iogurte com frutos do bosque.

Boas maneiras é isto. Hotel Pestana Tiergarten forever!

4 comentários:

calita disse...

sim, isso são boas maneiras - cuidar para que os outros se sintam bem. Como sei abrir portas, acho desnecessário que o façam por mim, mas aprecio sobremaneira quando se oferecem para ajudar o meu pequeno mais velho a descer do eléctrico, por exemplo.

Gi disse...

Muito bem, o Pestana Tiergarten. Quanto às portas, mesmo no séc. XXI, um homem bem educado abre a porta à senhora. E mais nada! :-)

Helena Araújo disse...

A ver se me faço entender: em Berlim, praticamente homem nenhum abre as portas à senhora, ou a deixa passar à frente. É muito complicado eu decidir no espaço de milésimos de segundos se o homem que está ao lado acha que sou emancipada, ou acha que tem de ser um cavalheiro. E para eles também não é fácil, diga-se de passagem, porque algumas mulheres ficam ofendidas.
Eu cá só fico confusa.

Gi disse...

Helena, aqui também vai sendo raro... mas quando acontece, fico tão contente! Por ele talvez mais que por mim, não sei se me entendes.