Antes que o mundo acabe, traduzo rapidamente um artigo do suplemento cultural do Tagesspiegel de 20.12.12 - não vos vá acontecer de irem desta para a próxima era sem alguma informação essencial...
(fonte)
DEUTSCHES-SYMPHONIE-ORCHESTER - Wladimir Kaminer escreve um texto para "Ivan, o terrível", de Prokofiev - e participa ele próprio como narrador, czar e bobo.
Wladimir Kaminer já está a contar os dias. A 21 de Dezembro, irá para a sua datscha em Brandeburgo com os dois filhos e Olga, a sua mulher, para fazer uma pequena festa do fim do mundo.
"O fim do mundo já é há muito um tema importante na Rússia", conta ele, divertido. Não apenas em 1991, quando a União Soviética se desmoronou. Também depois havia rumores sobre os mais variados cenários apocalípticos. Actualmente está à venda um set para o dia X: "com velas, trigo, vodca, sabão e uma corda", informa Kaminer, que entretanto se tornou um especialista em curiosidades russas. E que também está bem preparado, de tal modo que podemos partir do princípio que irá sobreviver ao apocalipse.
É que tem ainda muitos projectos. Em Janeiro vai trabalhar com o maestro Tugan Sokhiev e a Deutsche Symphonie Orchester. O novo maestro da orquestra apresenta o oratório de Prokofiev, "Ivan, o terrível", e Kaminer tem nele um papel importante: está a escrever o respectivo texto, e vai participar em "três dimensões": como narrador, czar e bobo.
"De cada vez que aparece um ditador, os russos procuram as suas raízes", diz Kaminer. E encontram Ivan IV, que fundou o império russo. Em tempos, o inventor da "Russendisko", que vive em Berlim desde 1990, estudou intensamente a História russa. "Ele queria fazer de Moscovo a 'terceira Roma' - e foi com certeza um modelo para Estaline", diz ele sobre o usurpador, que na realidade devia ter o cognome "o ameaçador".
Entre 1942 e 1945 Sergei Eisenstein fez um filme sobre Ivan Grosny. As ordens vieram directamente do Kremlin. A primeira parte mostra a ascensão do czar, a segunda parte faz alusões ao domínio pelo terror de Estaline, e começou por ser proibida. "Prokofiev compôs a música depois da evacuação", conta Kaminer. "Está fortemente influenciada pelo início da segunda guerra mundial". Mas ao pathos da ópera contrapõe a sua própria visão. Para Kaminer, Ivan IV é também uma figura cómica. "As suas intenções eram grandes e belas", anuncia, em tom de propaganda, "mas todos os seus planos fracassaram devido à fraqueza do material humano. As pessoas não se aliaram às suas ideias. As mulheres morriam-lhe." Encontra semelhanças com Estaline: "Também a maravilhosa ideia do comunismo falhou devido à falta de vontade da população de se entregar a esse ideal." O que torna Kaminer famoso é, mais ainda que o facto de ser um fantástico contador de histórias, o seu humor picaresco. "O maestro implorou-me que não escreva nada divertido", revela ele, sorrindo maliciosamente. Ele tentou: "A meia dúzia de linhas que escrevi fazem dele quase uma história triste. Quando o pathos se dilui em textos claros e sóbrios, esta tragédia ganha traços humanos."
Philharmonie: première 12.1, 20:00
Repetição: 13.1
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O jornal traz um outro artigo sobre Kaminer, informando sobre o evento "Natal em Russo", no Volksbühne (sem link na internet). Diz mais ou menos isto:
Quem não aguenta mais o Natal em casa junto ao pinheirinho com luzes LED, pode refugiar-se no teatro Volksbühne. Wladimir Kaminer convida de novo este ano para um "Natal em Russo" - e de certeza que não vai ser contemplativo. Será mais entre o alegre e o divertido.
O escritor já falou sobre a diferença entre o Natal russo e o alemão numa crónica que apareceu no "taz" a 22.12.1998: "vodca de barbear". O Natal alemão é uma festa chata - todos se metem em casa, e escondem-se atrás de um ganso assado. No Volksbühne, Kaminer mostra como deve ser uma festa de Natal em cheio. O programa é mais que uma sessão literária, embora ele leia alguns excertos dos seus livros - talvez até inéditos. Mas também vai haver música e dança - a partir das onze da noite começa a lendária russendisko. Talvez antes se ouça a canção "Moskau, Moskau" de Dschinghis Khan, com a receita para a festança: "atirem os copos à parede, a Rússia é um belo país".
Volksbühne, 24.12, 21:00; Russendisko a partir das 23:00 no Roter Salon (18€/14€)
Dschinghis Khan - Moskau - MyVideo
Às vezes penso que o Natal foi inventado por um grande sádico. Quando as pessoas estão bem e felizes com as suas famílias, é uma festa maravilhosa. Quando não estão bem, o Natal multiplica exponencialmente a sensação de desconforto. Por esse motivo, este "Natal em Russo" é um grande serviço prestado por Wladimir Kaminer. Bem lhe podiam dar uma medalhinha por serviços humanitários!
2 comentários:
Weihnachtstreitigkeitentelefonseelsorge.
Enquanto não vier o Alzheimer não me esquecerei desta.
hahahaha
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