20 fevereiro 2012

um crocodilo melancólico


Depois dos dois prémios que o filme recebeu na Berlinale, já se deve ter escrito tanto e tão bem sobre ele que escuso de tentar dizer coisas inteligentes a fazer de conta que percebo muito disto. Acrescento apenas este texto da Berlinda.org, onde se fala de um encontro com a equipa do filme, e alguns comentários pessoais:

Tabu é óptimo para estes tempos de crise: três filmes num só, todos eles excelentes - uma óptima relação preço/qualidade/quantidade. Gostei muito do primeiro - um bocadinho de poesia aonde apetece voltar -, e gostei imenso do humor fino que atravessa todos os três. Fiquei a pensar no retrato do catolicismo da Pilar, e fartei-me de rir com a imagem que dão dos jovens de Taizé. Mas o que mais me impressionou foram os retratos da criada Santa e da velha Aurora: duas rectas paralelas vivendo sob o mesmo tecto, com tanto de dependência como de insuperável distância.
Hei-de regressar a este filme, porque deixou em mim inúmeros ecos que pedem um reencontro com a matéria original.

***

Ontem foi dia de Portugal e das comunidades portuguesas aqui para os lados da minha vida.
O dia começou com o Tabu no palácio da Berlinale, continuou num pequeno café lá perto a comer pastéis de nata, onde um grupo de oito portugueses em alegre animação fez uma algazarra tal que vai ser preciso rever essa ideia de que Berlim é uma cidade sossegada e silenciosa. E terminou com um pequeno concerto do Carlos Bica, num espaço muito engraçado, muito retro-RDA, e mais umas cervejinhas em português, olhando para uma das igrejas mais antigas de Berlim e, mesmo ao lado, a enorme torre da televisão.
Em português, Berlim fica ainda mais fascinante.

3 comentários:

cjs disse...

e o jantar também foi português: bacalhau vegetariano com tinto alentejano :-)

Res disse...

Bem pressenti que o tabu era imperdível. Bem, mas isso resolve-se rapidamente ainda que não fosse nenhuma surpresa o filme estar pouco tempo em exibição, por cá. Já o animadíssimo encontro de portugueses com concerto e tudo, fez surgir o invejoso que há em mim. Bolas :)

Helena Araújo disse...

cjs,
era um bacalhau melancólico, como o crocodilo! ;-)

Res,
não precisas de ter inveja. Olha que te ias envergonhar outra vez por causa da algazarra, assim mais ou menos como quando eu pedi à senhora da fila para a bilheteira que nos guardasse o lugar para nós nos irmos sentar num sofá a estudar o programa dos filmes. ;-)

(Agora, para falar verdade e está aqui o cjs que não me deixa mentir: este é mais um daqueles dias em que me apetece ter inveja de mim própria)