18 fevereiro 2012

sábados assim

Manhã de sábado na Filarmonia: a saborear o trabalho de Simon Rattle com a sua orquestra - o difícil ensaio de uma orquestra em que parte dos músicos estão fora da sala e não vêem o maestro, o modo como este pede aos músicos que tornem realidade aquilo que ele sonhou. A ouvir a Bernarda Fink, maravilhosa. A conversar no intervalo com os músicos, a regressar em conversa com uma das solistas ao concerto de ontem, do Jonas Kaufmann (e o mesmo encantamento, a mesma admiração - mas por parte de alguém que sabe, que também já cantou Ich atmet' einen linden Duft! e conhece as passagens difíceis, e sabe elogiar o modo como Jonas Kaufmann as resolve). A ver Simon Rattle avançar na nossa direcção com um enorme sorriso (garanto que por um momento acreditei que me ia dar um beijinho, e foi uma sorte não ter dado, que depois não sei quantos dias ia ficar sem lavar a cara). A almoçar por ali, conversando com uma amiga sobre o tempo em que ela cantava com Karajan, das diferenças de trabalhar com um Abbado ou um Rattle.

Depois fomos espreitar a Dussmann, mas antes de entrar fizemos um pacto de estabilidade financeira: combinámos que nenhum de nós comprava fosse o que fosse. Apreciámos longamente o jardim vertical do Patrick Blanc, que desde há cerca de um mês existe nessa livraria, mesmo por trás da esfinge. Fiquei hoje a saber que a esfinge da Dussmann não é um pastiche qualquer de novo rico, mas uma peça de 1475 a.C. - empréstimo do museu egípcio àquela livraria. Mais uma vez admirei esta cidade cujas instituições sabem unir esforços para se promoverem mutuamente, multiplicando-nos as surpresas e o gosto de aqui estar.

Daqui a nada sairemos para o concerto: Mahler, sinfonia nº2. Já sei o que me espera, ainda não começou e já estou feliz.


 

9 comentários:

Gi disse...

Belíssimas fotos!

jj.amarante disse...

Esses jardins verticais são lindos!

Helena Araújo disse...

Os jardins são lindos, sim. O ambiente naquela parte da livraria também é óptimo. Deviam ter uns sofás, para a gente se refugiar naquele oásis em pleno centro de Berlim.

Na última fotografia não se nota bem um detalhe que me fascinou: na parede, há um pequeno rebordo que acompanha todo o jardim, e depois acompanha o lago, repetindo a curva do murinho do lago. Talvez dê para ver melhor carregando na foto.

Leonor disse...

Escapou-se-me esse recanto da Dussmann, Helena. Das vezes que lá fui devo-me ter perdido pelos livros e o resto ficou para trás.

Helena Araújo disse...

Leonor,
de facto, o resto não fica para trás, mas para a frente: ao fundo da livraria. Até agora ninguém reparava nisso, porque só tinha a esfinge. Mas desde há um mês tem esse jardim vertical. Mais um motivo para lá ir.

Anónimo disse...

Helena, os post sobre as andanças em Berlim desde Janeiro são belissímos. Não quer escrever um post sobre Berlim em dois dias e Charlottenburg num dia? Em alternativa ao calendário do advento de Rita Maria.


Pedro

Helena Araújo disse...

Pedro,
os posts são apenas reflexos da beleza dos dias.
Eu, querer escrever um post sobre Berlim em dois dias, quero, mas é complicado, porque a cidade tem para cem dias, pelo menos. Mais vale fazer o que faço - descrever o que vivi -, ou então fazer séries: Berlim em dois dias para gente sem dinheiro, Berlim em dois dias para quem gosta de cinema, Berlim em dois dias para quem gosta de música clássica, etc.
Mas para tanto não sei. O meu horizonte vai-se alargando com os amigos que me visitam e vão ao encontro da cidade pelo mapa dos seus próprios interesses - ou seja, estou eu própria em construção.

Está a pensar vir a Berlim?

maria lucia disse...

visita é muito bom para a gente conhecer coisas surpreendentes de onde a gente mora, tem sido assim por aqui também, que é tão pequeno, imagino Berlim.

Anónimo disse...

Boa noite Helena tem razão, talvez seja preferível fazer séries, se tiver gosto nisso. Penso regressar a Berlim desde há uns meses, mas não tive oportunidade. Já aí estive umas quatro ou cinco vezes mas não vou há muito tempo. Não perguntei com qualquer intenção pendura (eh,eh), antes por gostar de forma especial de Berlim, e por apreciar uma cidade vista pelos olhos de de alguém, cujo gosto me agrada. É o caso. Ainda que não planeasse ir, os seus testemunhos e os da Rita agradam-me bastante.

Pedro