Senhor Pai Natal,
gosto muito mais do Verão que do Inverno, porque há o mar e o calor e a escola está fechada. Mas no Verão não há Natal, quando de repente todos ficam felizes e ninguém mata ninguém e abraçam-se e beijam-se e dão-se presentes e ninguém diz palavrões e largam os foguetes! Obrigado, Pai Natal, sois vós quem traz a felicidade.
O meu pai diz que aqui na aldeia todos são criminosos, até as árvores, e a Polícia não faz caso do nosso medo. Mas no Natal todos tocam os sinos e a esta porcaria chega o vosso precioso trenó com as renas, e vós trazeis justiça e presentes para mim e para o Giovanni, que nunca recebemos nada de ninguém.
Esqueci-me de me apresentar, sou um rapaz chamado Totonno e vou de manhã à 2b da escola primária e tenho sete anos e meio. Penso que já percebeste porque é que te estou a escrever (por causa dos presentes de Natal). A minha irmã está aqui ao meu lado, tem cinco anos e já está a ficar muito espevitada.
Vós tendes um grande coração, e só vos quero dizer uma coisa, queria receber estes presentes: carro de corridas com telecomando, uma televisão com a guerra das estrelas e o carro do lixo e um ursinho de beluche.
Para os meus pais quero que fiquem em casa em vez de irem trabalhar, porque passam pouco tempo em casa.
E para a minha irmã Nunziatina as cassetes da Madonna, a máquina de fazer gelados e a Sbrodolina (boneca que faz bolinhas com a boca). Se forem demasiados presentes, podeis tirar sem problemas dois à Nunziatina. Em troca, prometo que não faço maldades ao meu hamster Gennaro.
E se não puderdes trazer tudo, podeis pedir à Befana que me traga ela essas coisas. Para mim tanto faz, se vem da vossa parte, ou da dela. É que ela só traz tangerinas, e isso não é um presente, é rir-se de mim. Conheceis bem a minha casa, é aquela onde no rés-do-chão há terra sem ladrilhos ou cimento, e se sente o mau cheiro do canal.
Estou muito feliz por ter escrito a uma personalidade como vós.
Desejo-vos tudo de bom, do Totonno.
Antonio - Marcianise (Neapel)
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