Sentei-me à frente, bem perto do palco.
O clarinetista, Matthias Glander, contou um pouco sobre a história da peça (quando Brahms já tinha parado de compor ficou de tal modo encantado com um clarinetista, Richard Mühlfeld, que decidiu escrever algumas peças para clarinete. Antes de as escrever pediu a Mühlfeld que tocasse tudo o que sabia, o que este fez: Mozart, Bach, o que calhou. E Brahms inspirou-se nesses antigos para estas obras tardias: um terceto, um quinteto, duas sonatas; no caso deste quinteto, Mozart) e explicou a sua estrutura (o primeiro andamento, um "solitário" que dá voz a todos os instrumentos, o adagio um pouco sombrio e introspectivo, o andantino cigano, e o último andamento, con moto, que propõe um tema com cinco variações e uma coda.
Começaram a tocar.
Fechava os olhos, levitava mais alto.
Abria-os, via o mosaico verde que representa uma peça de Bach, decidia: "deve ser o G"
(a quem pensou uma brejeirice do género "Freud explica": estava a falar do tom, sol maior) - e espantava-me com essa certeza que me leva a afirmar que aquele verde só pode ser sol maior.
O último andamento (e que maravilha aquela variação, por volta de 5:00) (e que maravilha todas elas, para ser sincera):
Entre o público havia um homem paralisado do lado esquerdo. Enquanto nós batíamos palmas, ele sorria para os músicos e estendia a mão direita como se lhes preparasse um abraço. Tocante maneira de agradecer.
Nota: alguém na wikipedia em inglês anda a trabalhar muito bem. O verbete sobre esta peça está muito bom, e a gravação que o acompanha ainda melhor.
3 comentários:
O Digital Concert Hall podia começar a transmitir esses concertos à hora do almoço. Não lhe custava nadinha.
Acho que custava, sim. O foyer não tem uma acústica tão boa, e há gente que insiste em levar para lá recém-nascidos e miúdos de dois anos...
Ia diminuir aquele standard de qualidade que é marca do dch.
Ah bom. Deves ter razão.
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