Se é para ser Holanda, não tem de ser sempre coffee shop...
Isso é o que eu penso, mas dois polícias da alfândega alemã parece que têm outra opinião, porque logo a seguir à fronteira vieram no meu encalço e fizeram sinal para os seguir. Não é nada agradável ter um carro da polícia à nossa frente com o letreiro "follow me": uma pessoa sente-se envergonhada em plena auto-estrada perante todos os camionistas que tinha vindo a humilhar em ultrapassagens sucessivas, que chatice, lá se nos vai o cool todo.
E lá fui eu rodar a passo de caranguejo atrás do carro deles, e lá me levaram para um descampado, onde me pediram os documentos e quiseram ver o que trazia no carro.
Os miúdos, que vinham a dormir (é a maneira que arranjam para sobreviver à música que gosto de ouvir quando conduzo), acordaram aflitos. Por uns momentos pensei "aimêdês, e se eles fizeram uma palermice de adolescentes, o que é que eu faço?"
Os polícias começaram a olhar para as malas e os sacos, iam vasculhar num deles mas desistiram quando chegaram à parte das toalhas molhadas, e optaram por me perguntar se tinha alguma substância perigosa ou armas. E eu, tentando honestamente ser-lhes útil e para isso fazendo um rápido brain storming e chegando à conclusão que o mais perigoso que trazia eram provavelmente as meias sujas, disse-lhes que não, quase com um ar condoído por estarem a perder tempo com tão mau cliente.
Disseram-me como podia regressar à auto-estrada, e foram-se embora fazendo uma manobra proibida por cima da linha contínua. Ah, valentes! No carro, a Christina riu-se: uma mãe com dois filhos, é mesmo o perfil mais certeiro de traficante.
Depois os miúdos adormeceram de novo, e eu pus-me a pensar em hipóteses teóricas: se eles tivessem encontrado nas coisas dos meus filhos alguma coisa que não deveria estar lá, como é que eu deveria ter reagido?
2 comentários:
Aimêdês. Êssêlá.
Finalmente alguém que entende as minhas dúvidas existenciais.
Havia aqui matéria para um bom filme, não achas?
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