Escolhemos a praia de Domburg, uma pequena cidade na região de Zeeland.
Mais propriamente: ficámos num castelo construído no século XIII, com fosso de água e tudo (confesso que o fosso cheio de água me impressionou, estava sempre à espera de ver crocodilos, e assim, e o capitão Gancho) e agora transformado em albergue relativamente barato. Enfim, barato... um quarto para quatro pessoas (dois beliches) com casa de banho custa cerca de 120 euros por noite (ou seja: afinal o capitão Gancho apareceu, estava sentado junto à caixa). Os interessados podem ler mais aqui: Hostel Domburg.
- vista da janela do quarto, mesmo em cima do fosso: e se as coisas pousadas no parapeito da janela caíssem para o lado de fora? a vida na Idade Média era mesmo muito difícil! -
- o pátio da frente, com uma tília milenária -
À parte as camas serem fracotas e o pequeno-almoço bastante simples, é tudo uma maravilha. E para chegar à praia, basta caminhar ao longo do lago, depois atravessar uma pequena floresta de carvalhos (carvalhos junto ao mar?! porque é que o D.Diniz não se lembrou de uma coisa destas? ficam umas florestas muito catitas), e já está - é logo ali, um passeio de cinco minutos.
Em tempos houve na cidadezinha de Domburg uma colónia de pintores. O caminho ao longo da costa está assinalado como "Mondriaan route", em homenagem aos muitos quadros que aquela paisagem inspirou ao artista. E não, não eram apenas traços e blocos de cores... (mas podiam ter sido, de facto a praia está dividida em barras paralelas) (olha... não me digam que acabei de descobrir onde é que o Mondriaan foi buscar aquela ideia de dividir os quadros com linhas geométricas?!...)
- Piet Mondriaan, 1909, praia de Domburg (fotografia muito mal tirada no museu Kröller-Müller, mas é o que foi possível arranjar) -
- no quadro anterior falta uma figura feminina, digo eu, mas é o problema do costume: ninguém me deixa mandar. Contudo, parte da culpa é minha: cheguei atrasada, o Mondriaan cansou-se de esperar (um impaciente, esse rapaz) -
Para terminar em beleza, jantámos mexilhões da península num restaurante com vista para este pôr-do-sol.
E para ser ainda mais perfeito, depois do jantar a família ficou sentada no pátio do castelo, quase às escuras, ouvindo a Christina a tocar guitarra e a cantar, cantando com ela.
Recostei-me na cadeira, olhei para o céu cheio de nítidas estrelas (sempre que vejo o céu na Europa assim, lembro-me de Chaco e fico com vontade de rir da nossa figura...), olhei para o bando de primos encantados à volta da minha filha tão grande, e lembrei-me de uma frase que ouvi há anos, de um americano mais velho: "the most grateful pleasure is to have grown-up kids". Lá chegaremos, e parece-me que sim, que vai ser um muito grateful pleasure.
5 comentários:
que maravilha, tudo :)
Nem sabes como anseio por esse grateful pleasure... Ah ! Afinal é este o tão famoso vestido vermelho. Nota internacional : Ja fui a encontros de familia marcados com 1 ano e meio de antecedência (eram todos franceses).
Não anseies, ó mãe que anda a tentar mudar de vida. Que todas as fases são únicas, e todas fazem parte. Quando chegares ao momento do grateful pleasure é também o tempo em que te retiras, para dar aos outros o lugar principal no palco da família. Momento estranho de imaginar nesta fase em que ainda somos tão centro.
E sim, é o famoso. Para que vejas como a sua fama foi largamente exagerada, e como é fácil criar mitos na internet...
Eu sei, eu sei, e logo escreves a lembrar sobre os disparates da adolescência, para o caso de eu ainda ter duvidas... Agora que ninguém nos lê posso afirmar que ando feliz da vida com este momento unico que ando a viver.
Quanto os vestido devo discordar, o quadro de Mondriaan ficou a perder.
Olá coisital,
saia já um :-) duas vezes para a mesa do canto!
(quando voltas a Berlim?)
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