29 agosto 2011

e por falar em dia dos prodígios...

Esta manhã entraram-me dois simpáticos rapazes casa adentro. Andam a atravessar a Europa à boleia, e para a etapa de Berlim lembraram-se de nós. Ora essa, não custa nada, é um prazer.
Entraram, deixaram as coisas, saíram de novo. Disse-lhes que voltassem depois das oito, que antes disso eu tinha coro.
Por volta das seis da tarde, indo eu de carro a caminho da cantoria das segundas, apanhei um daqueles semáforos quase a ficar vermelhos, e parei. De facto podia ter forçado um bocadito, mas decidi ser mesmo cumpridora (já disse que moro há mais de 20 anos na Alemanha?) e fui imediatamente recompensada: havia dois simpáticos e lindos rapazes que estavam à espera de atravessar a rua. Ah, espera aí, eu acho que já vi estas caras algures... eram eles. Apitei, esbracejei de tal modo que toda a gente que estava a atravessar a rua achou que eu os queria levar de carro, mas só trouxe esses dois. Iam a caminho do memorial do Holocausto, disseram, e iam na direcção completamente errada.
Levei-os ao memorial, segui para o coro, depois eles regressaram a pé para casa (foram mais de cinco quilómetros, valentes!, ah, redimiram todos os portugueses que se queixam amargamente dos duzentos ou trezentos metros que os faço andar nesta cidade), jantaram, fizeram uns joguinhos de xadrez com o Matthias mas não digo quem ganhou, e depois pegaram nas guitarras da Christina e deram aqui um belíssimo concerto. O Joachim já disse que lhes empresta um chapéu, com o que ganharem nas praças do nosso bairro vão poder voltar para casa de avião.

O prodígio (para além daquela coincidência incrível de eles não terem sido atropelados por mim no tal semáforo) é que uma pessoa diz que sim a um amigo que pediu alojamento por uns dias para o filho em viagem, e lhe entram na vida duas pessoas que são uma enorme presente.
 

5 comentários:

Blondewithaphd disse...

Und so ist das Leben...

Carlos disse...

A generosidade é, muitas vezes, um presente que damos a nós mesmos. :)

Helena Araújo disse...

Isso mesmo, Carlos Azevedo.

papu disse...

tu também entraste na minha vida virtual assim sem pedir licença, e isso é outro presente! (desculpa lá o tu assim sem te conhecer de lado nenhum, é o que dá viver em Inglaterra há quase 7 anos).

cheguei até aqui através do FB, porque alguém partilhou o teu post sobre aquele artigo do sol, que eu depois por acaso também partilhei porque era tudo o que eu gostaria de dizer sobre o assunto (poupaste-me o trabalho ;). Entretanto tenho continuado a vir aqui e surpreendo-me sempre. Não é só por escreveres bem, é por dizeres aquilo que eu diria na mesma circunstância.

Não é todos os dias (é até muito raro) que se descobre um blog assim, ou uma pessoa assim. É nestas alturas que acho que esta treta vale a pena (esta treta refere-se a esta rede virtual que em tantas coisas é tão pobre e superficial...)

lá está, o tal do presente :)

Gabriela

Helena Araújo disse...

Olá Gabriela,
pois é, a internet às vezes dá-nos destas surpresas. E vale a pena, eu acho que vale muito a pena!